Desde o primeiro surto de ebolaem 1976, os cientistas acreditavam que a doença não era sexualmente transmissível. Nenhum caso de infecção com essa característica havia sido documentado.

Mas 11 anos antes,em 1967, um indício dessa possibilidade já havia surgido quando técnicos de uma laboratório em Marburg, Alemanha, ficaram gravemente doentes após dissecar macacos trazidos de Uganda, África. A doença que contaminou a equipe, hoje conhecida como febre hemorrágica de Marburg, é causada por um filovírus semelhante ao Ebola. Seis semanas após um um homem integrante da equipe infectada se recuperar, sua esposa adoeceu.

Ela não trabalhava com a equipe, portanto as relações sexuais com o marido foram consideradas a fonte da contaminação.

Recentemente houve um caso comprovado de transmissão de Ebola através do contato com sêmem. O caso foi relatado em setembro deste ano pelo ' The New England Journal Of Medicine'. No caso documentado Ruth Tugbah, uma vendedora de 44 anos que morava na Libéria, morreu por conta da doença. Investigações concluíram que ela havia sido infectada pelo namorado, que tinha contraído a doença meses antes. Exames comprovaram que mesmo 175 dias depois de ter se recuperado, vestígios do material genético viral ainda estavam presentes no sêmem do parceiro de Ruth.

Em outubro um estudo com 93 homens que sobreviveram ao Ebola mostrou que, quase metade deles apresentavam vestígios do material genético viral no sêmem.

A quantidade do material vai diminuindo de acordo com o tempo, mas pode ser encontrado até 9 meses depois da recuperação. Por essas razões, a organização mundial da saúde recomenda que os homens que contraíram a doença não mantenham relações sexuais sem preservativo. O uso só poderá se tornar opcional após exames detectarem a ausência total de vestígios do vírus.

Os cientistas ainda não sabem se o material genético viral se aloja nos testículos ou na próstata. Por enquanto, não há nenhum caso de mulheres que infectaram seus parceiros.

Hoje existem cerca de 17 mil sobreviventes do surto de vírus Ebola que ocorreu em 2013 na, África ocidental. Segundo o Dr. Daniel Bausch, da organização mundial de saúde, o Ebola pode trazer outros malefícios: alguns dos homens que se curaram sa doença afirmam que estão tendo dificuldade para manter ereções. Mas ainda não há um comunicado oficial de que o Ebola pode causar disfunção erétil, apesar de ex-portadores relatarem o problema com frequência.