Por que os jovens se matam? Essa tem sido a indagação mais frequente diante dos inúmeros casos de suicídio de jovens que, invariavelmente, são um acidente inesperado, pega de surpresa os que ficame desperta diferentes sentimentos: perplexidade, culpa, fracasso, raiva. É comum os familiares se perguntarem: ‘onde eu falhei?’, ‘o que foi que eu não vi?’, ‘ele tinha tudo... por que fez isso?'

De acordo com a OMS, osuicídiojá é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas entre 15 e 29 anos de idade - ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 60 anos sejam mais propensas a cometer suicídio pela fragilização cumulativa de recursos pessoais e sociais no ciclo vital.

O suicídio é um fenômeno complexo e não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. Os motivos podem ser tantos quantos são as indagações e circunstâncias individuais e coletivas que cercam os que antecipam a morte. Estudos apontam que algumas pessoas são mais vulneráveis do que outras.Nos casos de suicídio juvenil, a maioria dos estudiosos considera que o fenômeno tem contornos epidêmicos e que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental: depressão, transtornos de ansiedade ou dependência de drogas. Entretanto, há disparadores que podem ser sutis: mudanças no ambiente familiar ou escolar e crises de identidade sexual. Uma série de pequenas mas decepcionantes circunstâncias podem criar na mente do jovem a imagem de um futuro sem esperanças, podendo se transformar em grande sofrimento e levar o jovem ao suicídio.

Evidências irrefutáveis demonstram que muitos jovens que se suicidaram deixaram várias pistas. Já tinham mencionado, por exemplo, a uma ou mais pessoas que estariam 'melhor se estivessem mortos'. Um adolescente que faz esse tipo de comentário precisa de atenção redobrada.

Pacto pelo silêncio

Existem, ainda, muitos temores de se falar abertamente sobre o suicídio.

Dentre esses o fato de que issopode desencadear comportamentos semelhantes em cadeia, tornando o assunto proibido e instalando uma espécie de pacto de silêncio. Investigações acerca da existência de associação entre as histórias sobre suicídio que aparecem na mídia e o aumento do índice de suicídio na população em geral, embora sejam objeto de controvérsias, indicam que histórias sobre suicídio na mídia, nas novelas e em documentários, estão associadas a uma elevada taxa de suicídio.

A Organização Mundial da Saúde considera importante que se fale de forma coerente e contundente sobre o assunto. Propõe a discussão ampla sobre os fatores de proteção e a construção de medidas de prevençãocom o aperfeiçoamento da aptidão social e emocional dos jovens, tais como solucionar problemas, tomar decisões, lidar com a raiva, resolver conflitos e comunicar-se sem medo de se afirmar.A família, a escola e os grupos sociais de vinculaçãodo jovemtêm papel fundamental nesse processo.

Além das mudanças comportamentais e da forma como se encara o problema, é consenso entre os especialistas que os profissionais, especialmente da área da educação e da saúde, precisam estar preparados para identificar os sinais prévios ao suicídio e devem ficar atentos aos casos mais vulneráveis.

Para cada suicídio consumado, há pelo menos 100 adolescentes que tentaram mas não conseguiram dar cabo da própria vida.

Ainda sem embasamento científico, já se considera que o suicídio juvenil tende a aumentar como reflexo do desencantamento dos jovens com o mundo contemporâneo. O fenômeno pode estar sendo influenciado pelas transformações rápidas do mundo atual, sejam das formas de comunicação e tecnologia, sejam do esfacelamento das tradições e da fragilidade dos laços de afeto característicos do mundo moderno.

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