Para quem gosta de leitura, ler um livro é um prazer. O processo de leitura de quem gosta de ler e de quem lê por obrigação é muito diferente. Quem tem a leitura como uma de suas atividades mais prazerosas esquece do mundo quando abre um livro e mergulha de cabeça no enredo. Chora e ri com o personagem, lê avidamente, mas ao mesmo tempo não quer que o livro termine, pois não quer se desapegar dos personagens... E quando finalmente termina o livro, fica pensativo, totalmente imerso na história, no que aprendeu com os personagens e sente que ganhou algo, mas que também perdeu...

De acordo com Annie Murphy Paul, da revista TIME, esse momento é chamado de deep reading (leitura profunda), uma prática que está próxima da extinção agora que a maioria das pessoas estão folheando mais e lendo menos. A pior parte dessa extinção eminente é que os leitores provam ser mais legais e espertos do que os seres humanos que não leem.

Estudo 'O que a Leitura faz pela Mente' 

De acordo com esse estudo, liderado por Anne E. Cunningham, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, a leitura fornece uma lição de vocabulário que as crianças nunca obteriam na escola. Segundo Cunningham, leitores são mais inteligentes devido ao seu vocabulário aprimorado e às habilidades de memorização, juntamente com sua habilidade de reconhecer padrões.

Eles têm funções cognitivas mais altas do que as pessoas que não leem e podem comunicar-se de forma mais eficaz e completa.

Encontrar um parceiro que gosta de ler é como namorar um milhão de almas, segundo Cunningham. Uma das partes vai ganhar a experiência que o parceiro ganhou de tudo que ele já leu e a sabedoria que vem dessas experiências.

É como namorar um romântico, um professor e um explorador de conhecimento.

Estudos de 2006, 2009 e 2010

De acordo com estudos publicados em 2006 e 2009 por Raymond Mar, psicólogo da York University, no Canadá, e Keith Oatley, professor de Psicologia Cognitiva na Universidade de Toronto, aqueles que leem ficção são capazes de ter mais empatia e teoria da mente, que é a habilidade de manter opiniões, crenças e interesses à parte de suas próprias crenças e opiniões.

Os leitores podem considerar as ideias de outras pessoas, sem rejeitá-las e ainda manter as suas próprias.  

Ainda segundo o estudo, essa habilidade é uma característica que todos os seres humanos têm desde o nascimento, mas que requer diferentes níveis de experiências sociais para se concretizar e essa pode ser provavelmente a razão pela qual o último parceiro de algumas pessoas pode ser considerado um narcisista. 

Leitores são pessoas melhores - conheça a história do desconhecido que deu seu Kindle para um morador de rua - porque já viveram a vida de outras pessoas através de olhos abstratos, eles aprenderam como é deixar seus corpos e ver o mundo através de outros prismas. Eles tiveram acesso a centenas de almas e coletaram sabedoria de todas elas.

Eles viram coisas que as pessoas que não leem nunca vão entender e vivenciaram mortes de pessoas que só eles conhecem. Eles sabem o que é ser um homem e uma mulher, e como é assistir ao sofrimento de uma pessoa. 

Outro estudo publicado em 2010, por Raymond Mar, reforça essa ideia com resultados que provam que quanto mais história é lida para uma criança, mais aguçada se torna sua "teoria da mente" e ela se torna uma criança com mais sabedoria, capacidade de adaptação e de compreensão. A leitura molda o leitor ao personagem e faz com que cada lição, triunfo e tensão do personagem se torne sua.