Era para ser um voo simples, de Nova Iorque para a Carolina do Norte. Mas uma séria colisão com aves, apenas seis minutos após a decolagem, danificou os motores do avião. Certo de que não conseguiria retornar ao aeroporto, nem aterrissar numa pista mais próxima, o piloto Chesley "Sully" Sullenberger optou por aterrissar no Rio Hudson - e conseguiu, salvando a vida de todos a bordo. O não-acidente ocorreu nos Estados Unidos, no dia 15 de janeiro de 2009, e transformou Sully em herói.

O filme, que estreia agora no Brasil, traz essa história em detalhes, desde a saída do avião, passando pelos momentos de pânico a bordo, a aterrissagem ousada e a subsequente e rigorosa investigação dos pilotos, feita pelo Diretório Nacional de Segurança do Transporte dos Estados Unidos, o NTSB.

Simulações indicavam que o piloto conseguiria retornar ao aeroporto em segurança, mas Sully discordava. É nesse ponto que o filme evidencia como a destreza humana pôde salvar vidas.

"Sully - O Herói do Rio Hudson" conta com a direção segura de Clint Eastwood e a interpretação brilhante de Tom Hanks no papel do protagonista. O diretor soube conduzir a história, alternando os momentos de suspense e de drama sem jamais cair na pieguice. E Hanks mostra-nos um comandante ciente das vidas humanas que estavam a bordo, sob sua responsabilidade.

Resta saber agora o impacto que uma história como essa, que teve sua estreia adiada, terá nos brasileiros. Sem querer tirar o merecido mérito de Sully, o evento todo teve lugar nos Estados Unidos, e o comandante é considerado um herói lá - e talvez entre os demais profissionais da aviação.

Para a maioria das pessoas, no entanto, esta seria uma curiosidade mostrada sob a forma de um bom filme.

Mas, depois da tragédia ocorrida com a Chapecoense, é impossível não comparar as duas situações. Todas as 155 pessoas a bordo do voo 1549 da US Airways, incluindo a tripulação, foram salvas pela competência, agilidade e organização dos profissionais norte - americanos, que levam seus deveres a sério.

A investigação feita pelo NTSB e, principalmente, os questionamentos que Sully faz a si mesmo, mostram o quanto isso foi a fundo. Ninguém faz seu trabalho contando com a sorte. Mas isso foi nos Estados Unidos.

Em outros lados, sobra apenas o amargor.

Estreia dia 15 de dezembro.