O dicionário Aurélio define a palavra “cantada” como “conversa envolvente, atraente, para convencer ou seduzir alguém” e explica que é um brasileirismo (“locução, expressão idiomática ou modismo típicos da língua portuguesa do Brasil", segundo o mesmo dicionário). O objetivo de “convencer ou seduzir” não quer dizer que vá funcionar, e o fato de a palavra ser um brasileirismo não quer dizer que basta ser brasileiro para conseguir fazer direito. Pelo contrário, a cantada depende de um fino entendimento do que se deve dizer e, mais importante ainda, do que não se pode dizer de jeito nenhum.

No fim das contas, talvez tudo se resuma à frase atribuída ao presidente americano Abraham Lincoln: “É melhor ficar quieto e passar por tolo do que falar e acabar com todas as dúvidas”. Nos casos a seguir, por melhor (ou pior) que tenha sido a intenção e por mais que o sujeito tenha feito mira, o tiro acabou saindo pela culatra mesmo.

1-Danton, o revolucionário francês, disse que era necessário ter “ousadia, ousadia e ainda mais ousadia”. Bom, Danton acabou guilhotinado em uma brilhante antecipação do que acabou acontecendo às chances do rapaz em questão.

2-Pois é, dita (ou melhor, escrita) do jeito certo, a cantada já é fraca. Quando o sujeito ainda por cima mete os pés pelas mãos, então, já era.

E o “midisgurpa to nervouso” é a cereja do bolo.

3-Quem fala o que quer, escuta o que não quer. E, se insistir, vai ouvir muitas vezes.

4-Depois leva um rabo-de-arraia, uma chibata ou algum outro golpe de capoeira e vai ficar reclamando.

5-Pena ela não poder sair por aí com o carro sem sair com o motorista. A vida pode ser bem cruel, às vezes.

6-Sem medo de sequestro. “A sorte favorece os corajosos” é um velho ditado romano. Os romanos construíram um dos impérios mais impressionantes da história humana, construíram os aquedutos, legaram ao mundo o latim e uma riquíssima literatura, além de historiadores e naturalistas. Eles provavelmente também teriam pensado em uma cantada bem melhor do que essa abaixo.