Tem muita gente que fica fascinada em ver um balão no céu. Os mais apaixonados se realizam em colocar o artefato no alto e ainda há quem vá longe atrás de um balão para resgatá-lo. Mas, de acordo com o artigo 42 da Lei de Crimes Ambientais, “fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano”, é crime.

Mas por que será que mesmo sabendo que a soltura de balão é crime, ainda existem grupos de pessoas que continuam com essa prática?

Segundo o psicólogo clínico Bayard Galvão quem solta um balão tem a sensação da conquista de mais uma criação que está subindo mais alto que a do concorrente; do orgulho de um pai que ensinou ao filho a maestria do ato; do garoto que se diverte com outros e da intelectualidade de conseguir criá-lo.

Bayard explica que nascemos com um instinto (forma psicológica e genética de funcionar), que todos os animais superiores possuem: buscar prazer e fugir da dor, da maneira mais imediata e mais intensa. Ele conta que o prazer é algo que se quer agora e não amanhã. “Não viemos ao mundo aprendendo a nos preocupar com o amanhã, mas sim com o hoje. A maioria das pessoas faz coisas apenas pensando um segundo na frente, não nos possíveis efeitos em uma hora ou 10 dias”, diz.

De acordo com o psicólogo, o instinto, de uma maneira geral, deixa de vir em primeiro lugar apenas mediante a punições. “Por que alguém deixa de comer bolo (prazer) ou soltar um balão (outra forma de prazer)? Porque haverá uma punição”, exemplifica.

Segundo o especialista, qualquer ato que traga prazer ou alívio pode criar compulsões e obsessões, não importa se for tabagismo, uso de cocaína, compulsão alimentar ou soltura de balões.

Para Bayard, o ideal seria a possibilidade de um tratamento psicológico.

Para o baloeiro, arquiteto e urbanista, apaixonado por balões, mas que não quis se identificar por medo de represálias, o mundo do balão precisa de ajuda. “Estão acabando com a gente, se balão pagasse por metro, pagasse algo para a prefeitura ou para alguém responsável ele seria liberado. Em países como México, Colômbia, Portugal, Japão, entre outros, a prática de soltar balão é uma arte!”, desabafa o baloeiro.