Há quem garanta que o uso da urina - aplicada na pele ou ingerida - pode ajudar a tratar vários problemas de saúde por estimular a regeneração celular. É verdade que o fluido excretório tem uma longa história de uso. Na Índia, por exemplo, ainda hoje é adotado pela medicina alternativa.

Segundo o dermatologista Sejal Shah, existe uma explicação cientificamente plausível para os supostos benefícios da urina para a pele: ela contém ureia, uma substância que retém a umidade, o que teoricamente pode fazer da urina algo que ajuda a prevenir ou combater acne e secura na pele, isso para citar dois problemas dermatológicos que atormentam muitas pessoas.

A editora Elaheh-Nozari resolveu experimentar a aplicação facial da urina depois que sua mãe, durante uma coleta de sangue para ser examinado, ficou espantada com a aparência juveníssima do rosto de uma assistente de laboratório septuagenária, a qual atribuiu o resultado ao uso de urina no rosto. Na verdade, explica Elaheh-Nozari, algumas das preocupações que as pessoas têm com relação à urina são exageradas.

Segundo Flora Peschek-Böhmer, médica alemã que escreveu um livro sobre o uso terapêutico do fluido, o cheiro do líquido desaparece depois que ele é absorvido pela pele. A irmã da editora, consultada por ela sobre como estava cheirando depois de aplicar a urina, disse que realmente não estava cheirando mal.

Na verdade, o cheiro era até um tanto adocicado. Quanto a microrganismos, a urina, em tese, é um líquido estéril, mas cientistas já acharam pequenas concentrações bacterianas mesmo na urina de quem não está sofrendo de infecções do trato urinário. Ainda assim, a editora avaliou que ela provavelmente entra em contato com mais cepas bacterianas nocivas no transporte público do que aplicando urina à face.

O livro da doutora Peschek-Böhmer recomenda o uso do jato médio, o segundo jato de urina, logo pela manhã. O primeiro jato pode conter bactérias nocivas além de material expulso da uretra e o terceiro provavelmente não tem muitos nutrientes.

Na primeira semana do tratamento, Elaheh-Nozari não usou a primeira urina do dia e não notou diferenças na pele.

Ela passou, então, a seguir a orientação do livro e urinar logo depois de acordar. Para se lembrar, ela ajustou o alarme do celular para lembrá-la do "tratamento facial". Esse aviso, explicou, pareceu-lhe menos chamativo do que o que ela tinha imaginado antes: "urinar no rosto".

Ela passou a ir ao banheiro logo depois de acordar, deixando primeiro terço da urina ir direto para o vaso e recolhendo o jato intermediário. O líquido vertido por ela substituiu sua lavagem matinal do rosto. Em vez de enxaguar o rosto depois de aplicar a urina, ela a deixava secar para que a pele pudesse absorvê-la.

Infelizmente, depois de poucos dias com a nova prática, a pele do rosto dela começou a piorar muito de aparência.

As pequenas saliências vermelhas que ela estava tentando eliminar ficaram mais vermelhas e maiores e a região em volta dela ficou mais seca e com uma aparência escamosa (felizmente, ela estava de férias e não precisava se preocupar com o que os outros achariam de sua aparência).

Nesse ponto, ela resolveu interromper o uso da urina. Pouco tempo depois, a pele dela começou a descascar e, quando parou, o rosto estava macio como não esteve durante muito tempo e as saliências tinham ido embora. Aparentemente, a urina causou uma esfoliação extrema da pele.

Apesar do resultado positivo, Elaheh-Nozari não pretende continuar usando urina no rosto. dermatologista Sejal Shah, com quem ela conversou sobre sua experiência, disse que o problema principal com a urina é que ela não é muito eficiente, afinal ela contém apenas 5% de ureia enquanto há no mercado cremes com mais de 10% da substância em suas composições. A editora decidiu ficar com os cremes.