Na crônica esportiva brasileira, um dos poucos consensos entre os jornalistas é que se trata de uma grande injustiça um jogador do porte de Alex nunca ter ido a uma Copa. Todos são unânimes em lamentar a ausência de um dos últimos grandes craques do futebol canarinho. Em 2002, até mesmo o próprio Alex não conseguiu aceitar que o seu nome não estava na lista. Lista essa montada por Luiz Felipe Scolari, o Felipão, seu antigo parceiro de Palmeiras.

Sob comando de Luiz Felipe, Alex empilhou títulos com o Palmeiras, em especial a Libertadores de 1999.

Criou-se, então, uma relação forte de cumplicidade que o meia acreditou que seria decisiva na hora da lista final, até por ter participado de jogos da Eliminatórias e amistosos preparatórios. Perto do dia da convocação, o meia Djalminha, outro cotado, se desentendeu com o treinador do seu clube na Espanha e, em tese, seria um concorrente a menos, já que Felipão nunca suportou indisciplina.

No lugar de Djalminha, Kaká. E no lugar de Emerson, cortado já na preparação para o Mundial da Ásia, Ricardinho. As chances para Alex já não existiam mais. Felipão não queria o seu antigo camisa 10 no Palmeiras. Frustado por ficar de fora, Copa do Mundo era assunto proibido para Alex.

"Para fugir daquela realidade, entrei numa de comer.

Traçava cinco pacotes de pipoca no cinema. Em casa, era potes e potes de sorvete. Ia a churrasco e comia carne para caramba. Nunca fui de beber, mas comecei a tomar cerveja e vinho. Passei uns 40 ou 50 dias de loucura. A imprensa falando de Copa e eu nem sabia o que estava acontecendo. Os jogos aconteciam de madrugada e naquele horário eu estava bêbado ou dormindo", revela Alex, em sua biografia lançada recentemente.

No final das contas, o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial com um show de Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Na decisão, um irretocável 2x0 sobre a Alemanha de Oliver Kahn em uma atuação inesquecível de Fenômeno, autor dois dois gols. Mas, convenhamos Felipão, faltou um certo camisa 10 nesse grupo.