O Oriente Médio é conhecido por possuir leis polêmicas, consideradas os valores morais e éticos consagrados pela civilização ocidental do mundo. A possibilidade de um homem poder contrair vários casamentos, por exemplo, é oposta a ideia monogâmica de matrimônio defendida pelas legislações americanas. Mas o fato mais perigoso é outro: a possibilidade, em muitos desses países orientais, de um homem poder se casar com meninas crianças.

Recentemente, um caso chamou a atenção das autoridades internacionais de proteção aos direitos humanos, e à própria mídia: uma criança de apenas oito anos de idade morreu no último sábado (12), no iêmen, depois de passar a lua de mel com seu esposo muçulmano, que já tem 40 anos.

A vida que vale R$ 6 mil

Segundo os médicos que a atenderam, a menina, chamada de Rawan, teve uma hemorragia que foi ocasionada por ferimentos internos no útero, o que acabou desencadeando sua morte. O fato se deu numa área tribal de Hardh, que fica localizada na região da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita. Rawan, segundo os relatos, acabou sendo comercializada como um produto por seu padrasto, que a destinou para um muçulmano saudita, num negócio que custou cerca de R$ 6 mil, segundo informações do jornal “Der Tagesspiegel”, da Alemanha.

À Reuters, Arwa Othman disse que na noite de núpcias e após a relação sexual do casal, a menina sofreu hemorragia e ruptura uterina, o que acabou causando sua morte.

Segundo ela, a menina foi levada para uma clínica, porém os médicos que a atenderam não puderam salvar sua vida.

Depois do noticiamento da morte de Rawan, ativistas de defesa dos direitos humanos começaram a pressionar para que o viúvo da criança e a família que a vendeu sejam considerados os responsáveis jurídicos pela morte dela.

Além disso, eles reivindicam que seja editada uma lei no país para que seja restrito o casamento apenas para indivíduos que possuam 18 anos completos ou mais.

O matrimônio de crianças no Iêmen e no Oriente Médio chamaram a atenção dos organismos internacionais a partir de 2010, depois que uma criança de apenas 13 anos acabou vindo a óbito, também de hemorragia no útero, logo após ter mantido relações sexuais com seu esposo, que à época tinha 26 anos, o dobro de sua idade.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas, atualmente, mais da metade das meninas no Iêmen (cerca de 52%) acabam se casando antes de completarem 18 anos, enquanto que outra parcela, de 14%, contraem matrimônio antes de chegarem aos 15. Ao atingirem a puberdade, elas simplesmente são obrigadas a largarem os estudos para se dedicarem aos seus respectivos maridos, que as tratam como meras empregadas, possuidoras de uma única função: respeitar, acatar e cumprir ordens.