O deputado federal e capitão do Exército Brasileiro, Jair Bolsonaro (PP - Partido Progressista), eleito pelo Rio de Janeiro com o maior número de votos (464 mil, ou 6% do eleitores fluminenses) entre os demais candidatos nas Eleições 2014, foi ao Recife, acompanhado do seu filho Eduardo Bolsonaro e assessores, participar de uma audiência pública sobre o estatuto do desarmamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e de um debate na Rádio Jornal Pernambuco neste último final de semana.

Dentro do mesmo voo de Bolsonaro, estavam vários outros políticos dos partidos PSB, PSDB, PMDB, PCdoB e PSC.

A maioria foram vaiados pelo público presente no local, que mais pareciam estar esperando uma equipe de jogadores de futebol para comemorar a vitória.

Ao chegar no Aeroporto Internacional dos Guararapes, na capital pernambucana, o político foi recebido por centenas de pessoas, em sua maioria homens e jovens, que gritavam em coro: "Ah, é bolsomito!" e "Bolsonaro para Presidente do Brasil". Houve tumulto durante a saída de Bolsonaro do local, com as pessoas se espremendo em meio a multidão para tentar conseguir ao menos uma foto ou autógrafo do seu "ídolo".

Bolsonaro pegou um megafone e discursou: "Muito obrigado pela recepção. Eu peço a Deus que eu possa retribuir todo esse apoio. Podem ter certeza que o Brasil é nosso!

[...] Vamos tirar esse povo do poder. Ou pelo impeachment ou pelo voto", deixando no ar o lançamento de uma possível candidatura presidencial para daqui a dois anos.

Entre os adolescentes que estavam no aeroporto, um grupo de skinheads pôde ser avistado. De cabeças raspadas, tatuagens, e jaquetas com referência ao grupo de admiradores de Hitler, eles estavam lá em apoio a Bolsonaro, um candidato considerado extremamente conservador e que luta pela volta do regime militar.

A reportagem do jornal Diario de Pernambuco tentou contato com um dos jovens skinheads para perguntar se não era irônico os jovens estarem ali apoiando um candidato pró-ditadura - regime que não permitia que as pessoas se manifestassem livremente sob pena de tortura ou morte.

Segundo os jornalistas do veículo, o rapaz explicou que é contra a corrupção, mas logo foi interrompido por um de seus colegas radicais que começou a acusar a reportagem de "manipuladora" - acusação que virou comum entre as pessoas que não querem concordar e/ou aceitar o que é veiculado na mídia por acharem que tudo que vai contra a sua forma de pensamento é mentira ou não existe.

O jovem extremista ainda gritou contra os jornalistas: "Por que pode ser comunista e não nazista? [...] Tem que ter censura mesmo", obrigando a equipe do jornal a se afastar do grupo.

Ao sair do local, Jair Bolsonaro se apoiou nos ombros de algum membro de sua equipe e fez sinal para toda a plateia de fãs ali presente. Aproveitou para colocar seus óculos escuros, que viraram memes em vídeos na internet em que o deputado responde com boa oratória e forma de argumentar a todo o pensamento contrário à sua ideologia, criando a partir daí a onda de jovens e adolescentes que passaram a admirar a posição do deputado. A idade dos seus admiradores, no entanto, também pode explicar o apoio a volta do regime militar: eles não chegaram a viver nessa época, contada por muitos adultos e idosos como terrível para a liberdade de expressão.

Na Alepe, também houve tumulto de cidadãos pró e contra Bolsonaro, atrasando o início da sessão. Na tribuna da casa, o deputado se posicionou contra o estatuto do desarmamento e defendeu que todo cidadão deve portar uma arma para agir em sua defesa.

O político recebe bastante apoio de líderes religiosos, principalmente da bancada evangélica, com o argumento de que ele tem por objetivo colocar ordem na "moral e bons costumes" do país. Nas redes sociais o apoio também é grande, com internautas publicando textos em defesa do militar, como: "Jair Bolsonaro, enfim o homem de moral e caráter, será o nosso candidato a presidente, não tem mais volta".

Assista ao vídeo: