Parece que a indicação do nome do novo ministro da Justiça está causando problemas para Michel Temer e insatisfação na bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. Com quase tudo certo para anunciar o nome do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Velloso, à frente do Ministério da Justiça, após indicação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), os deputados do PMDB se sentiram traídos pelo presidente nacional dos tucanos e desvalorizados por Michel Temer.

PMDB e PSDB vêm travando uma forte batalha nos bastidores para tomar conta da pasta da Justiça.

Antes chefiada por Alexandre de Moraes, indicação do PSDB, agora o partido de Michel Temer quer maior protagonismo no governo, e vê a vaga em aberto no ministério como um bom espaço.

Mesmo tendo à frente da presidência da República uma figura do seu partido, muitos peemedebistas, principalmente na Câmara dos Deputados, acreditam que o governo Temer não dá o espaço merecido a figuras do PMDB. Por exemplo, três dos ministérios mais robustos não são comandados pelo partido: Saúde (PP), Educação (DEM) e Cidades (PSDB). A Câmara dos Deputados também é chefiada por um aliado de outro partido, com Rodrigo Maia (DEM). Nem a liderança do governo na Câmara é do PMDB, o representante é André Moura (PSC).

Para piorar mais ainda a insatisfação e aumentar o cenário de desprestígio da bancada do PMDB na Câmara, por outro lado, os peemedebistas no Senado estão bem representados. A presidência da Casa Legislativa é de Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, já a liderança do governo é comandada por Romero Jucá (PMDB-RR).

Aécio 'traidor'

Com o aceno de Michel Temer que irá nomear Carlos Velloso para o Ministério da Justiça, acatando a indicação de Aécio Neves, que é amigo pessoal de Velloso e representado por ele em dois inquéritos que responde no STF, a bancada do PMDB resolveu eleger o tucano como vilão da história. Segundo reportagem do UOL, "traidor" é o vocativo pelo qual os deputados da bancada do PMDB estão chamando Aécio Neves.

Desprestígio

A batalha entre PMDB e PSDB já teve alguns rounds anteriores. O que mais acirrou a disputa foi a nomeação do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para ocupar a Secretaria de Governo. O burburinho dentro da bancada foi tanto que Temer suspendeu por um período a indicação, até que o cenário se acalmasse.

Polêmica

A bancada do PMDB costurava a indicação do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para o cargo de ministro da Justiça, porém, após críticas ao Ministério Público Federal, o nome do peemedebista foi descartado pelo Planalto.

Ensinamento do PT

Ao que parece, Michel Temer não está querendo cometer o mesmo erro que a presidente Dilma Rousseff cometeu. A petista era acusada por sua base aliada de não ser adepta ao diálogo e desprestigiar seus aliados, por isso foi "traída" em tantas votações no Congresso.

Por outro lado, Michel Temer tenta manter a maioria dos aliados fiéis ao Planalto, mas para isso pode causar constrangimento na própria cozinha. Por enquanto, Temer consegue manter sua base aliada fiel nas votações.