Um dia antes do julgamento que definirá o seu futuro político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, estará presencialmente em Porto Alegre participando de um ato no centro da capital gaúcha ao lado de militantes e demais políticos do PT. O evento ocorrerá na Esquina Democrática, região central da cidade, nesta terça-feira, e inicia a partir de 16h.

A confirmação da presença de Lula em Porto Alegre nesta terça foi dada pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann. Durante entrevista coletiva nesta segunda, a senadora petista destacou que a decisão de estar presente na cidade do seu julgamento foi uma decisão de caráter pessoal de Lula.

"Foi uma decisão tomada com o coração. Lula quer agradecer a todas as pessoas que estão se deslocando e que estarão em Porto Alegre para prestar apoio", explicou.

Lula, no entanto, deverá retornar a São Paulo na noite de terça - ele não fica, portanto, para acompanhar de Porto Alegre a sua sentença. Inicialmente, o PT mantinha a expectativa de obter junto ao TRF-4 a liberação para que Lula pudesse se defender durante a sessão, o que não foi permitido. Sendo assim, o líder do PT irá acompanhar o julgamento de São Paulo.

Mas a presença de Lula em Porto Alegre no evento na Esquina Democrática é encarada como forma de encorajar e ampliar as forças da militância que estará na capital gaúcha no dia 24.

Centrais sindicais, como a CUT, e movimentos sociais historicamente ligados ao PT, como o MST, enviaram caravanas com seus representantes para dar peso às manifestações pró-Lula. Na manhã desta segunda, já houve uma caminhada nas principais ruas de Porto Alegre.

Oficialmente, o PT prega um discurso pacífico e contrário a qualquer tipo de confronto nas ruas.

Na semana passada, Gleisi Hoffmanna fez questão de salientar que o partido iria a Porto Alegre em paz. "Somos da paz e vamos em paz", prometeu.

Coordenador nacional do MST se diz contra a ida de Lula a Porto Alegre

Se João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, pudesse dar um conselho a Lula, diria ao ex-presidente para não estar em Porto Alegre nem nesta terça, nem na quarta-feira - data de um dos julgamentos mais aguardados pelo cenário político brasileiro.

Nesta segunda, em coletiva improvisada junto ao acampamento do movimento em Porto Alegre, o líder dos Sem-Terra disse que não via sentido na vinda de Lula.

"Eu acho que a vinda dele poderia ser interpretada por muitas pessoas, e também pelo Poder Judiciário, como uma provocação. Se ele me pedisse alguma opinião, eu diria "olha, é melhor você não vir". Aqui todo mundo apoia ele", destacou.

Por outro lado, Stédile reconheceu que a presença de Lula daria "ânimo à militância para as batalhas desse ano". O acampamento montado pelo MST está a aproximadamente 1km do prédio do TRF-4, local onde o ex-presidente será julgado na próxima quarta-feira.

Lula, que reiteradamente tem reforçado que está "tranquilo", e que garante não ter cometido crime algum, poderá sofrer consequências importantes se vier a ser condenado novamente.

Em primeira instância, nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava-Jato, o petista foi condenado a nove anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex, no Guarajá.

Se voltar a ser condenado, dessa vez pelo TRF-4, Lula incorrerá na lei da Ficha Limpa, o que o torna inelegível de acordo com a legislação vigente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, poderá ter inviabilizada sua candidatura à presidência da República, da qual lidera todas as pesquisas prévias até o momento. Luiz Inácio Lula da Silva presidiu o Brasil de 2003 a 2011.