Os repórteres William Santos e Patricia Falcoski trazem uma reportagem, a segunda que faz parte da série especial exibida pelo Jornal da Globo cujo tema é,'Os filhos do funk'. O relato é sobre adolescentes que frequentam os chamados pancadões em São Paulo e acabam grávidas.

Tudo começa em um baile funk, é um cheiro, um afago, um abraço e beijo. A garota só tem 16 anos e nem sonhava em ser mãe, mas de repente... a bebida, a música, o funk...

A repórter pegunta: Como é que acontece, você conhece, fica e já engravida?

Adolescente: É isso mesmo. Naquele dia eu tinha bebido muito foi quando cruzei com um menino e disse às minhas amigas que queria ficar com ele, rapidinho elas deram um jeito nós ficamos e rolou.

"E o resultado foi a minha filha", diz ela.

Repórter: E o cara assumiu a criança?

Adolescente: Não. Ele falou que o bebê não era dele mesmo eu afirmando e dizendo que ia fazer o teste de DNA. Ele gritou que não registrava a criança e eu disse: "Pode deixar eu registro minha filha sozinha".

Essa é apenas uma das dezenas de adolescentes que engravidaram nos bailes funks de São Paulo.

Segundo explica a Coordenadora do Programa da Adolescência do estado de SP, Albertina Duarte Takiuti, 3,4 mil meninas de 10 a 14 anos se tornaram mães e registraram seus bebês e conforme os cálculos que são de 10%, 340 ficaram grávidas nos 'Pancadões' de SP, ou seja, uma por dia.

Esses dados são de 2013, desde então a coordenadora está mais alerta.

No mês passado foi feito um levantamento com 96 garotas que se dirigiram as casas de apoio, com a seguinte pergunta: "O que você pensa sobre ter relação sexual em baile funk?".

Somente 37% das meninas se manifestaram contra ter relações e engravidar nos bailes, 47% nem deram suas opiniões.

"E as 16% restantes acham normal que isso aconteça, é com essas que devemos nos preocupar mais, fazer o controle doHIV, Sífilise DST'S", concluiu a coordenadora.

É comum a realização desses bailes funks ou pancadões na Zona Leste de SP, eles acontecem no meio da rua. Segundo relato de alguns moradores todo fim de semana tem festa, adultos misturam-se com adolescentes. Eles consomem álcool, drogas e muitos fazem sexo na rua mesmo.

Um menino falou à equipe de reportagem que toda sua adolescência foi vivida em bailes funks e que é normal rolar essas coisas. Perguntado se ficava arrependido depois ele diz:

"Sim, bate o arrependimento. Só que depois é tarde".