O projeto político

Luiz Inácio Lula da Silva funda, no ano de 1978, o Partido dos Trabalhadores. Em 2002 Lula logra eleger-se presidente da República. Entretanto, em decorrência da falta de densidade eleitoral de seu partido, não conseguiu obter base suficiente para garantir uma maioria parlamentar capaz de dar sustentação política a seu projeto de Governo. Faltava governabilidade. As alianças políticas, então, passaram a ser antes de programáticas, pragmáticas. Banqueiros e comunistas fizeram parte do governo. Benesses políticas, aparelhamento do estado com indicações político-partidárias, acordos espúrios de tarifas públicas, privilégios e incentivos fiscais a grupos econômicos, políticas sociais assistencialistas, crédito fácil e barato concedidos sem análises de risco foram decisões políticas implementadas no auge da governança.O boom econômico obtido, conjuntamente com o aumento descomunal de sua popularidade, fortaleceu de tal maneira seu governo que Lula passou a sonhar mais alto.

O projeto de poder

Lula conjecturou um projeto de poder. Aos moldes dos maiores ditadores da História. Não mediu esforços em tentar o domínio sobre o judiciário, a imprensa com os crescentes aumentos do orçamento da publicidade oficial, o empresariado com políticas de incentivo fiscal e financiamentos subsidiados, o controle dos sindicatos de trabalhadores, das universidades e dos movimentos sociais. A oposição, enfraquecida, estava sob controle. O auge político foi obtido com sua reeleição para mais quatro anos de mandato. Esse ambiente de popularidade sem precedentes possibilitava a tomada de medidas econômicas cada vez mais populistas ao mesmo tempo que ineficientes.

A sucessora

De carreira política sem expressão, Dilma Vana Roussef filia-se ao PT em 2001.

Em 2003 assume o cargo de Ministra de Minas e Energia do governo Lula. Lula enxergou em Dilma uma possibilidade de continuação de seu projeto político e de poder. Capitalizando a enorme popularidade de seu padrinho político, Dilma vence as eleições presidenciais e assume o governo brasileiro em 2011. A realidade encontrada transformou as expectativas em uma herança maldita.

Os crescentes déficits das contas públicas causados por essa política populista, dissimulados através de propaganda oficial, logo foram palco para os efeitos mais perversos que recaíram sobre a sociedade.

O projeto de poder começou a ruir quando investigações do poder judiciário encontraram indícios de que, sob aparente legalidade, convivia nos porões do poder um esquema de Corrupção causador direto de uma sistemática sangria de recursos dos cofres públicos.

Corrupção no Brasil, é consenso, sempre existiu. Entretanto, desta vez a prática sistemática e institucional estarreceu setores da sociedade. As chamadas propinas, bilhões de recursos desviados de contratos públicos da Petrobrás celebrados com grandes empreiteiras e obtidos através de licitações estatais fraudulentas, irrigaram uma rede de corrupção no que foi considerado um dos maiores esquemas de corrupção sem precedentes na história da República. Dilma foi diretamente atingida. Ela foi presidente da estatal envolvida.

A realidade nua

Milhões de trabalhadores desempregados, um contrassenso às políticas propagadas pelo autodenominado partido dos trabalhadores. Alguns fatores da atual conjuntura política e econômica:

  • Dívida pública em alarmantes patamares
  • Queda histórica da produção (PIB)
  • Desemprego de mais de 11 milhões de brasileiros
  • Inadimplência atingindo mais de 60% das famílias brasileiras
  • Inflação em alta
  • Governo sem governabilidade

A realidade econômica resultante é que a arrecadação global de todos os tributos da União não é mais suficiente para fazer frente às demandas de orçamento.

O governo gasta mal e o que é pior, gasta mais do que consegue arrecadar.

Economistas, diante desse descalabro, prognosticam mais de uma década para recuperar a combalida economia brasileira. A solução, muito mais do que um simples ajuste fiscal, exige um novo e emergencial pacto social.