Apesar de estarmos em plena época da modernidade, onde hábitos são modificados, ainda temos a ideia de que o homem, aquele cuja a literatura busca descrever, é a força de ressaltada forma física, vigor, coragem, bravura.

Lembro-me de um personagem bastante conhecido chamado Hércules, herói da Mitologia Grega. Filho do deus dos deuses Zeus e da mortal Alcmena. Segundo o mito, era ele de uma forma física primorosa e de uma força inimaginável. Sabemos pela história que nem os músculos e nem a força foram capazes de proteger Hércules contra seus próprios sentimentos.

Durante séculos, acreditava-se que o verdadeiro espécime masculino não tinha medo, dominava seus sentimentos e jamais chorava. Porque chorar o fragilizava, o permitia se permitir ser gente, e isso o colocava em uma situação de risco.

Assim como eu, você já deve ter conhecido homens que seguraram as lágrimas no momento que era muito importante deixá-las rolar. Lavar com aquelas gotas da alma o sentimento escondido. Mesmo assim, se impuseram o papel de “Homens”, exigido por uma sociedade que já não existe mais.

Sociedade que tirava do homem o direito de amar e ser amado para submetê-lo ao desmando de cuidador, protetor, até mesmo, às vezes, cruel e invencível. Essa sociedade pregava que para ser homem precisava ser forte, não nutrir sentimentos e ignorar algumas vezes a própria verdade.

Principalmente se essa vier do coração.

No entanto, hoje compreendemos que músculos não são capazes de determinar a força de um homem. Os fortes também têm seus momentos de fragilidade e esses necessitam de quem possa lhes enxugar o rosto e lhes mostrar o caminho.

Parece estranho para alguns, mas as lágrimas são importantes, principalmente quando compartilhadas.

Independente da largura de seus ombros ou força de seus músculos, a beleza e a coragem do homem está na grandeza de seu coração.

Portanto, se permitir ser gentil, falar com ternura e admitir a importância dos sentimentos mais íntimos é que fazem dos frágeis fortes homens capazes de construir uma nova história, de determinar novos conceitos e de mudar o olhar de uma sociedade diferente, mas que ainda se baseia em padrões arcaicos.

Dessa forma, reconhecer a fragilidade dos fortes é o melhor caminho para uma grande mudança de conceitos sociais e valorização do ser humano independente do gênero. Olhar nos olhos de um homem que reconhece suas fraquezas é ter certeza de estar ao lado de um homem forte.