Os Policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) deixaram a balaclava (ou touca ninja) de lado e começaram a usar lenços.

O artigo é feito de algodão e foi usado em substituição às balaclavas (toucas ninjas) porque protegem mais o rosto dos agentes contra a poeira, bem como do sol e do calor, especialmente no Rio de Janeiro.

O acessório foi adquirido pela Corporação no ano de 2015, conjuntamente com a nova farda verde, que é usada especialmente em operações nas favelas.

Contudo, o uso do lenço é controverso e gerou muita Polêmica. Veja a reportagem abaixo e entenda um pouco mais sobre o caso.

'Lenço Palestino"

O lenço usado pelos Policiais Militares é idêntico ao tradicional lenço palestino também denominado como Kufiya, Keffiyeh ou Hatta.

Para os palestinos, o lenço significa a luta palestina pela liberdade, o que não se coaduna com a atividade da polícia nas comunidades do Rio, ao menos é o que pensam algumas pessoas.

O Keffiyeh passou a ser conhecido pelo mundo na década de 60 porque era usado por Yasser Arafat,à época líder da Organização pela Libertação da Palestina e do Fatah, facção extremista que governava a Cisjordânia. Com isso, o acessório se tornou símbolo do nacionalismo palestino.

Veja o vídeo que trata do polêmico uso do lenço:

Só que o uso do item não foi tão bem avaliado por algumas pessoas.

Israel não gostou

Contrário ao uso do lenço, o Cônsul Honorário de Israel, Osias Wurman, afirmou ter ficado assustado quando viu a foto de policiais usando o lenço e que pensou que a foto era de algum combatente do Oriente Médio.

Só compreendeu que era a foto de um policial brasileiro quando leu a legenda e percebeu que se tratava de acessório usado pelo Bope no Rio de Janeiro.

Ademais, o lenço também já foi usado por manifestantes para evitar inalação de gás de pimenta.

Irresignado, o Cônsul considerou o uso do lenço como "absurdo" e que lamentava ver o uso de um símbolo como do Keffiyeh sendo utilizado em conflitos violentos em favelas ou em manifestações.

Wurman asseverou que o fato é muito prejudicial aos palestinos porque provoca preconceito contra o lenço, já que as pessoas vão ligar o povo palestino a situações de violência.

Finalmente, argumentou que existem outros meios para que os agentes escondam suas identidades, mas que isso não pode atingir uma religião ou povo.

Muçulmanos foram indiferentes

A Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, por sua vez, não se sentiu ofendida com o uso do lenço pela Polícia Militar. Concluiu que o lenço é usado por árabes em geral - não só muçulmanos -, acrescentando que o keffiyeh foi criado pelos beduínos (povos que vivem no deserto) e que tinham como objetivo a proteção contra o sol e a areia.

Depois o lenço teria sido usado pelos árabes. Porém, segundo eles, o lenço não se vincula a nenhuma religião específica e, portanto, pode ser usado por quem queira.

Antropólogo defende a polícia

O antropólogo e ex-capitão do Bope, Paulo Storani, afirma que o lenço não representa cultura, religião ou povo específico e só foi adotado pela Polícia Militar do Rio porque protege a identidade dos policiais e não esquenta muito, o que foi defendido pela Polícia Militar do Rio, que concluiu que o uso do lenço é tático e estratégico e que o acessório é muito melhor do que as antigas balaclavas.