O campeão do UFC Jon Jones foi mais uma vez pego no exame antidoping e, com isso, corre grandes riscos de perder o cinturão.

O acontecimento gerou polêmica com os amantes do esporte, indignados e revoltados pelo uso da substância ilícita.

Mas será mesmo que não queremos que nossos atletas façam uso de tais drogas?

Basta olhar para a história e verificar os grandes atletas de alto nível que mudaram a referência de uma boa performance em suas respectivas modalidades e foram ovacionados pelo público, considerados verdadeiros heróis e super-humanos: Bem Johnson, no atletismo dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, pego pelo uso de Stanozolol; Lance Armstrong, que admitiu o uso de esteroides, em 2013, e teve seus sete títulos da Le Tour de France cassados; a norte-americana Marion Jones, com seus três ouros e dois bronzes nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, e muitos outros que, se fossem aqui citados isoladamente, dariam centenas de novos artigos.

A realidade é simples: o povo quer ver seus atletas batendo metas históricas. Quer ver o sujeito correr sem parar pelos oitenta minutos naquele mundial da Liga Profissional de Rugby, quer ver seu atleta batendo uma falta para gol com a bola atingindo a velocidade de 150km/h, quer ver seus atletas cada vez maiores, mais fortes e mais rápidos.

Não querem mais um cara gordo usando uniforme de futebol americano. Querem um atleta cada vez maior, mais forte e rápido:

“Futebol Americano: aqueles homens são grandes, fortes, rápidos, são como máquinas! Eles vão em frente. Não é mais um cara gordo usando uniforme de futebol americano [...] Eles correm mais do que você, pulam por cima de você [...] a gente vê homens com 150 quilos pulando de uma corda, voando como se fossem pássaros.

Isso aí é porquê o ser humano evoluiu? Não! São os intensificadores de performance. E isso é o que os esteroides fazem, nos transformam em máquinas!” – Gregg Valentino, para o documentário Músculos ao Extremo, 2011.

E olha que sequer falamos dos corpos esculturais exigidos e consagrados nos filmes de ação e nos hoje populares filmes de super-heróis de Hollywood.

Não adianta. Nós não aceitamos mais os padrões das décadas passadas. Queremos ver verdadeiras máquinas competindo pelos nossos times e por nosso país. Um sujeito que só aguenta correr vinte minutos dentro da partida de Rugby não serve para o time. Se ninguém mais bater o recorde do Tour de France, a histórica competição acabará.

Se ninguém mais bater os recordes olímpicos, não terá mais graça assistir aos jogos e a competição acabará.

E neste sentido, infelizmente, Armstrong tem razão, “é impossível vencer o Le Tour de France sem o uso de esteroides”.

Deixemos de hipocrisia. Jon Jones não fez nada além do que pedimos. Se tornou maior, mais rápido e mais forte do que jamais seria se estivesse limpo. E nós aplaudimos por muito tempo.

Se o próximo não for rápido e forte como Jon Jones, não aplaudiremos. Nós os obrigamos a isso.

Queremos verdadeiros deuses gregos sem camisa no cinema. Um ator franzino sem camisa não agrada a ninguém, correndo até o risco de virar piada.

Mas isso não significa que devamos fazer uso de drogas ilícitas para o nosso dia-a-dia no exercício do esporte que amamos.

Não somos competidores, não somos atletas de alta performance. Somos apenas amantes do esporte.

Mas, por favor, vamos parar de hipocrisia. Como bem uma vez já disse o mestre Fernando Sardinha: “Esporte é saúde. Competição é outra história”.