Todo mundo que é fã dos personagens de Paulo Gustavo já deve ter visto Ivonete, negra "favelada" que é interpretada pelo ator em suas esquetes do programa "220 volts" do Multishow. Após voltar com a personagem, o ator foi chamado de racista por fazer "blackface", isto é, pintar o rosto de negro para satirizar e ironizar com trejeitos de pessoas negras. Paulo, que foi atacado durante toda a semana por conta disso, decidiu dar uma resposta em suas redes sociais e disse que entende o sofrimento que apopulação negra passa historicamente e pediu desculpas pela personagem.

Na carta, ele reconheceu que cometeu um equívoco e disse também que acompanha a longa discussão sobre o blackface, que, segundo ele é "muito maior do que eu, minha carreira, minha personagem e o 220 volts". Ele explicou que a Ivonete não é uma caricatura da mulher negra e apontou pontos positivos a respeito dela, como espontaneidade, crítica, consciência, dentre outros. Paulo lembrou que ela passa por dificuldades inerentes a todos os brasileiros e está ali também para protestar, mas "sem perder o rebolado". Mesmo defendendo a personagem, ele ressaltou que a carta é um pedido de desculpas.

"Eu peço desculpas se ofendi ou magoei alguém", escreveu o ator.

Paulo Gustavo falou também que sofre preconceito por ser gay assumido.

O artista é casado com um médico e o fez publicamente, chegando a mudar o próprio nome por conta disso. Ele disse ainda que não quer ser um dos agentes que propagam homofobia, racismo e machismo. O ator não disse que irá acabar com a personagem.

Ivonete também está presente no espetáculo "220 volts". Porém, no teatro, Paulo Gustavo não pinta o rosto de preto.

No cinema, essa prática já foi usada outras vezes e hoje é considerada altamente racista. No mundo das artes, novelas e filmes já foram acusados também de racismo por usar atores brancos em papeis de negros e até mesmo orientais.

Leia a carta aberta que Paulo Gustavo postou em suas redes sociais:

Outros que fizeram "blackface"

Recentemente, quem passou pelo mesmo problema foi Leandro Melo, ator de "Dzi Croquettes em Bandália".

Na foto de divulgação de seu monólogo, ele pintou parte do rosto de negro e foi duramente criticado por fazer o "blackface".

A youtuber Kéfera também foi alvo de críticas contra o racismo, quando fez uma paródia do videoclipe da música "Work" de Rihanna. No vídeo, seu namorado interpreta o cantor Drake, cantor negro. Contudo, ela esclareceu que o namorado dela não pintou o rosto.