Leandro Firmino, ator que interpretou Zé Pequeno no filme “Cidade de Deus”, além de ator se transformou em uma grande referência do “cinema de periferia”, estilo que nasceu com o longa que se passa na comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Porém, 15 anos depois do sucesso que rompeu as barreiras sociais da CDD, como está o ator que deu vida ao traficante “Zé Pequeno”?

Morador da Cidade de Deus, comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Leandro aponta o longa como ”o ponto de virada” de sua vida. “Antes do filme nunca tinha pensado em trabalhar com arte.

Vim de uma comunidade carente. Lá não tinha essa possibilidade. Isso era coisa para Playboy, para branquinho da zona Sul. Jamais para um negro de comunidade carente”, diz Leandro.

Na época da seleção do elenco, Leandro foi convidado pela equipe de Fernando Meireles para participar da seleção por já ter experiência como ator. Ele participou da minissérie “Brava gente”, na qual interpretou o “Patrão”. “Eles me chamaram para o teste. No primeiro momento , falei que não. Depois fiz o teste e acabei passando. Durante a oficina fui entendendo a arte de interpretar e tendo contato com as pessoas do Nós do Morro (grupo teatral). Aquilo foi me fascinando e ali comecei a trabalhar. Decidi a minha vida”, conta o ator.

Leandro salienta a importância do filme em sua vida e no envolvimento da comunidade com cinema. ”Os movimentos de periferia ganharam muita força com o embalo do filme”.

Após seu sucesso estrondoso em um filme feito com baixíssimo orçamento e que contra todas as expectativas ganhou diversos prêmios nacionais e quatro indicações ao Oscar 2004, Leandro atuou nos filmes “Cafundó”, “Trair e coçar é só começar”, “O homem que desafiou o diabo”, entre outros.

“ De lá para cá, fiz mais cinema. Também participei da novela ‘Vidas opostas’, da Record, onde fiquei uns dois anos e meio”, acrescentou.

Atualmente o ator voltou a interpretar o “Zé Pequeno”, porém em uma versão humorística no quadro “Zé Pequeno do consumidor”, no programa Pânico na Band. O quadro traz de volta o personagem do filme “Cidade de Deus” para situações atuais, primeiramente em trollagens aplicando seu famoso “apavoro” em figuras como Pe Lanza (vocal da banda Restart), e depois em pessoas na sua vida cotidiana no quadro “Zé Pequeno da vida real”.

Zé Pequeno ataca com os repórteres Daniel Zuckerman e Alf ET, tentando mediar conflitos e chamar a atenção das pessoas que fazem coisas como jogar lixo na rua ou não dar lugar para pessoas no ônibus. Com seu jeito nada sutil e com pouca paciência, Zé Pequeno torna os quadros muito engraçados.