O conceito de Transtorno por Estresse Pós-Traumático acomete a vítima de um abuso sexual, pois esta amarga um prejuízo emocional maior e durante muito mais tempo do que os prejuízos materiais. Essa vivência traumática produz um Transtorno de Estresse Pós-Traumático centralizado em experiências cujo diagnóstico é de uma doença com potencial mortal, e que provém de um agente estressante capaz de produzir reações altamente traumáticas, conforme orientações do DSM IV.

O trauma se diagnostica quando a pessoa volta a experimentar uma emoção traumática com lembranças, sonhos, cenas retrospectivas, alucinações perturbadoras, tempos depois da ocorrência de um acontecimento estressor.

A vítima apresenta pesadelos e pensamentos que independem se sua vontade e que fazem com que evite situações relacionadas e que incluem hábitos simples, como sair de casa, ficar sozinho, etc. O aumento da excitabilidade apresenta perturbações do sono, hipervigilância, ansiedade, irritabilidade, desespero, sentimentos de culpa e angustia.

Esse estado mórbido ocorre facilmente em qualquer pessoa que tenha sofrido um abuso sexual, pois, de acordo com o conceito do CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), um paciente classificado como portador de Transtorno de Estresse Pós-Traumático deve ter vivenciado um estresse que seria traumático para qualquer pessoa. O transtorno, nesses casos, deve-se a baixa capacidade da vítima de abuso sexual de se adaptar e de suportar sozinha os efeitos de um trauma severo.

A severidade das agressões sexuais influem no risco de desenvolver o trauma, pelo fato de as sequelas físicas serem proporcionais ao dano emocional. O impacto da violência sofrida desorganiza a incapacidade de processar adequadamente as emoções de medo, raiva, ansiedade e lembranças traumáticas, as reações como pavor, medo, depressão, desespero, superação do trauma, evitação e a persistência de sintomas frente as sensações de ameaças de voltar a sofrer a violências e o suporte social que recebe depois.

O evento traumático pode permanecer por décadas ou a vida toda em desespero, fantasias, pesadelos traumáticos e reconstituições psicóticas conhecidas como flashbacks. Qualquer estímulo que desencadeie evocações do evento original evoca imagens mentais, respostas emocionais e reações psicológicas associadas ao trauma. O transtorno vem acompanhado do sentimento de ira ou vingança, diminuição da concentração, aumento da agressividade e irritabilidade, desinteresses pelas coisas, dores psicossomáticas, Depressão e Ansiedade, Diminuição da capacidade de comunicação e de externar sentimentos, e, caso não seja devidamente tratado,o TEPT tende a se transformar em reações patológicas crônicas.

As vítimas de abuso sexual desenvolvem e mantém um Transtorno de Estresse Pós-Traumático a ponto de poder sofrer alterações em suas personalidades, porque os Transtornos Fóbicos dominam o quadro inicial após a violência e essa possível alteração da personalidade apresenta restrição afetiva e relacional, podendo levar ao isolamento. Pode haver paranoia, desconfiança, receio excessivo, diversos transtornos psicossomáticos, hipertensão, alterações de tireóide, diabetes, úlcera digestiva, eczemas, urticária, asma brônquica, entre outros, caso a caso, tudo como consequência do TEPT.

Os traumas relacionados a experiências de abuso sexual, especialmente em idade precoce, têm enorme impacto sobre o desenvolvimento da criança, pois é nessa fase que as áreas cerebrais relacionadas à regulação emocional ainda estão se desenvolvendo, de forma que traumas precoces podem afetar o desenvolvimento cerebral, tornando a criança mais vulnerável ao estresse e ao trauma na vida adulta.