Uma pesquisa realizada pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que dentre as mais de 3 milhões das mensagens favoráveis a Sérgio Moro publicadas no Twitter, cerca de 220 mil postagens foram disparadas do Irã, país localizado no Oriente Médio, e que provavelmente teriam sido enviadas por robôs.

As mensagens analisadas pelo instituto são aquelas que sinalizaram alguma hashtag em apoio ao atual ministro da Justiça e Segurança Publica do Governo Jair Bolsonaro, assim como aquelas que questionaram o jornalista norte-americano Glenn Greenwald sobre a veracidade dos relatos apresentados nas matérias sobre a Lava Jato.

Algumas das hashtags impulsadas no Twitter em território asiático foram #glenncomproumandato, #somostodosmoro e #pavaomisteriosovoltou.

Entenda o caso

Inicialmente, o site de jornalismo investigativo The Intercept Brasil, fundado pelo estadunidense Greenwald, revelou uma suposta troca de mensagens telefônicas entre o ex-juiz Sérgio Moro, enquanto estava no comando da 13ª Vara Criminal de Curitiba, e o procurador Deltan Dallagnol, até então chefe da força-tarefa do Ministério Público em Curitiba.

Logo depois, uma série de reportagens publicada em parceria com o The Intercept e a revista Veja mostrou um possível diálogo eletrônico em que Moro orientava como os procuradores deveriam agir para atingir o objetivo almejado.

Nas mensagens o ex-juiz alerta, por exemplo, que Dallagnol havia esquecido de adicionar ao seu material de acusação uma importante prova contra os envolvidos na operação Lava Jato.

Em outro diálogo, uma delegada revela que o atual ministro da Justiça havia informado que não tinha pressa de anexar nos autos a planilha com os nomes dos políticos beneficiados com o foro privilegiado - fato que tiraria o poder da 13ª Vara Criminal de Curitiba e levaria o caso a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A reportagem também inclui o vazamento em áudio do episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato", em que o procurador Deltan Dallagnol orienta seus colegas de profissão como atuarem diante das ações de Luiz Fux, ministro Supremo Tribunal Federal (STF), e comemora a decisão que impede o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conceder entrevistas à veículos de imprensa durante o período eleitoral do ano de 2018.

Essa sequência de revelações repercutiu na internet e fez com que as diversas menções às conversas divulgadas atingissem os assuntos mais comentados do Twitter. A partir disso, a Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) deu início a pesquisa que analisa a série de mensagens publicadas no microblog entre os dias 5 e 9 do mês de julho.

O estudo mostrou que nesse período de tempo, dentre as 3,2 milhões de publicações que faziam menções favoráveis ao ex-juiz Sérgio Moro, 220 000 foram enviadas do Irã e muito provavelmente disparadas por robôs.

Sérgio Moro, que ficará afastado de seu cargo de ministro da Justiça entre os dias 15 e 19 deste mês, não confirma a autenticidade das mensagens divulgadas pela parceria entre a revista Veja e o site The Intercept Brasil. Em contrapartida, ele alerta que esses possíveis diálogos foram obtidos por meios criminosos e, assim, podem ter sido manipuladas, parcial ou totalmente alteradas.