Morreu nesta sexta-feira (22), aos 75 anos de idade, nos Estados Unidos, o rabino Henry Sobel. As causas da morte foram complicações em decorrência de um câncer no pulmão. Ele deixa a esposa e uma filha e seu sepultamento está marcado para o próximo domingo (24), em Nova Jersey.

Nascido em Lisboa, filho de mãe belga e pai polonês, que se refugiaram em Portugal fugindo do nazismo da Segunda Guerra Mundial, Henry passou a primeira infância em Nova York, nos Estados Unidos, e na década de 1970 se erradicou no Brasil, onde foi, de acordo com o comunicado feito pela família, “voz firme em defesa dos direitos humanos no Brasil”.

Ele vivia em Miami desde 2013, quando deixou a cidade de São Paulo.

Forte atuação durante a ditadura

Com forte atuação na defesa dos direitos humanos no Brasil, Henry Sobel era rabino emérito da Congregação Israelita Paulista. Em 1975, quando Vladimir Herzog foi morto durante o regime militar, o rabino impediu que ele fosse sepultado na ala dos suicidas do cemitério israelita por não acreditar na versão de que o jornalista, também de origem judaica, havia tirado a própria vida.

Alguns dias depois, Henry Sobel, Jaime Wright, pastor presbiteriano, e d. Paulo Evaristo Arns, na época arcebispo de São Paulo, lideraram um ato ecumênico em homenagem ao jornalista que reuniu milhares de pessoas na catedral da Sé.

Em sua autobiográfica, ele disse que o episódio lhe fez ter uma projeção na mídia que jamais imaginaria ao desempacar no país.

Gravatas

Em 2007, o rabino foi notícia por conta de sua prisão após furtar gravatas em uma loja dos Estados Unidos, quando sofria de depressão e estava confuso por conta dos medicamentos que estava tomando.

“Fiz o impensável”, disse em um filme que narra sua trajetória, lançado em 2014.

Por conta do episódio, na época ele foi afastado da direção da Congregação Israelita Paulista e passou a ser ridicularizado. Em seu depoimento dado para o filme, ele afirma que setores conservadores do judaísmo, que demostravam insatisfação por conta de sua aguerrida atuação, aproveitaram o fato para afastá-lo de cena.

Ele também lembra que na época recebeu solidariedade de pessoas importantes.

Repercussão

A morte de Henry Sobel gerou muita repercussão nas redes sociais. Políticos e instituições lamentaram a perda e enviaram mensagens de condolências aos familiares do rabino.

“Lamento a morte do Rabino Henry Sobel, um grande defensor dos direitos humanos”, escreveu o governador de São Paulo João Doria. A deputada Joice Hasselmann destacou a luta do rabino pelos direitos humanos e disse que ele uniu famílias. “Henry Sobel foi o maior representante que a comunidade judaica já teve”, destacou o rabino Michel Schlesinger.