Preso desde o início desta semana, Juliano Oliveira Ramos Júnior, de 22 anos, suspeito de ter participado da morte da família encontrada carbonizada dentro de um veículo, no final de janeiro, em São Bernardo do Campo, prestou um novo depoimento à Polícia Civil, quando deu mais detalhes sobre o crime, inclusive revelando a ordem em que as vítimas teriam sido executadas.

Juliano é primo de Carina Ramos, namorada de Anaflávia Gonçalves, filha do casal e irmã mais velha do adolescente que foram mortos. As duas também estão presas, assim como outros dois suspeitos.

A polícia ainda está à procura de uma sexta pessoa envolvida no caso.

O crime aconteceu no dia 27 de janeiro, em Santo André. Já na madrugada de 28 de janeiro os bombeiros foram chamados para apagarem um incêndio em um carro na estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo, perto do Rodoanel, a seis quilômetros da casa da família. Após extinguirem as chamas, os oficiais encontraram os três corpos, totalmente carbonizados, dentro do porta-malas.

Adolescente foi o primeiro a ser morto

De acordo com o depoimento de Juliano, Juan e seu pai, Romuyuki, foram levados para o andar de cima da casa, colocados em quartos diferentes, amarrados com fitas adesivas e posteriormente agredidos. Foram colocados na cabeça de cada um deles um saco escuro com um pano molhado em cloro.

Ainda segundo suspeito, foi Carina quem matou os dois asfixiados. Primeiro o garoto e depois o homem.

Eles foram torturados para que fornecessem a senha do cofre, como não sabiam, os criminosos esperaram pela chegada de Flaviana, que ao ver a família rendida forneceu o segredo do cofre, porém o dinheiro que eles queriam não estava lá.

Assim, de acordo com Juliano, eles decidiram, com a concordância das duas mulheres, matar os reféns. Anaflávia esperava receber a herança da família, bem como um seguro de vida.

A empresária Flaviana também foi morta por Carina, mas perto do carro da família, já na estrada do Montanhão. O suspeito não deu detalhes de como ela foi morta.

Ainda de acordo com o depoimento de Juliano, foi Carina que dirigia o Jeep, com três comparsas agachados no banco de trás e com Flaviana amarrada e amordaçada. Anaflávia deixou o condomínio logo em seguida dirigindo o próprio carro. As imagens do circuito de segurança registraram essa movimentação.

Os carros seguiram até um posto de gasolina, onde um dos rapazes desceu do Jeep para comprar o combustível usado para incendiar o veículo. Ao chegarem na estrada do Montanhão, um amigo de Carina já aguardava o grupo com outro carro. Alguns dos envolvidos trocaram de roupa enquanto a empresária era morta.

Depoimentos divergentes

Desde o início do caso, Anaflávia e Carina já deram três diferentes depoimentos à polícia.

Inicialmente elas disseram que as vítimas foram assassinadas por conta de uma dívida de 200 mil reais que a família tinha com um agiota.

Posteriormente, elas mudaram a versão e disse que eles foram vítimas de um assalto e que após cometerem o triplo homicídio, os supostos assaltantes a ameaçaram de morte, caso os denunciassem para a polícia.

Já no último depoimento, elas disseram que o plano era assaltar a casa dos pais de Anaflávia, mas que as duas não tinham participação nas mortes. O plano era roubar 85 mil reais que estavam dentro de um cofre e dividir o dinheiro entre eles.