Diante dos problemas atuais na área da Saúde decorrentes da disseminação do Covid-19, o novo coronavírus, medidas emergenciais estão sendo adotadas nos mais diversos setores da sociedade brasileira. Neste cenário, segundo informações do jornal O Globo, a Pastoral Nacional Carcerária, por intermédio de uma carta pública, recomendou para as autoridades governamentais que os presos sejam soltos temporariamente, com o objetivo de se evitar um caos no sistema prisional do país, caso a doença se espalhe em alguma unidade.

Como argumento, a carta publicada nesta última sexta-feira (13) cita o Irã.

O país persa adotou medida semelhante, soltando temporariamente um número aproximado de 120 mil detentos. Por lá, o novo coronavírus já atinge mais de 7 mil pessoas, com mais de 237 vítimas fatais, de acordo com os números oficiais divulgados pelo governo até o momento,

Coronavírus e a baixa imunidade da população carcerária

As autoridades médicas reiteram que, apesar do novo coronavírus ser classificado como uma pandemia a nível mundial, não há motivos para pânico, apesar da iminente necessidade de medidas protetivas. Cerca de 80% dos casos apresentam sintomas leves, semelhantes aos de uma gripe comum. O grupo de maior perigo são o de idosos e pessoas que, por causas variadas, tenham uma imunidade em níveis abaixo dos ideais.

Este é mais um dos argumentos apresentados pela Pastoral Nacional Carcerária a respeito de seu projeto. Considerando que os detentos vivem condições sanitárias muitas vezes inadequadas para um ser humano, a proliferação do novo coronavírus em um presídio poderia ser fatal, uma vez que a maioria dos encarcerados apresentam baixa imunidade por conta das condições degradantes em que são submetidos.

“Os presos e presas possuem imunidade muito baixa por causa das condições degradantes existentes no cárcere”, diz um dos trechos da carta.

Governo adota medidas de prevenção contra o coronavírus nos presídios do país

Nesta quinta-feira (12), o governo federal decidiu em conjunto com representantes de 24 estados da federação que medidas protetivas serão adotadas daqui em diante com relação aos presídios do país.

Os visitantes passarão por uma triagem rigorosa, com o objetivo de identificar pessoas com sintomas da doença. Os agentes penitenciários também farão parte desses trabalhos preventivos e, apresentando quaisquer sinais de contaminação, serão afastados imediatamente de suas funções.

Crítica aos presídios do país

Elencando algumas críticas aos presídios brasileiros, a carta publicada pela Pastoral Nacional Carcerária reitera que as medidas protetivas contra o novo coronavírus poderão privar os detentos do contato com os seus familiares. Além disso, é destacado que as medidas anunciadas pelo governo federal, como higienização das celas e distribuição de cartilhas com informações de prevenção, de nada adiantarão tendo em vista a condição degradante dos presídios brasileiros na atualidade.

“De nada adianta celas mais limpas, se estas ainda continuam superlotadas, se os presos não têm material de higiene, tem pouco tempo de banho de sol, há racionamento de água na unidade, alimentação precária, além das torturas físicas e psicológicas, diz a carta. “O combate efetivo à contaminação do vírus, e a todas as outras doenças que acometem os presos, é o combate às estruturas torturantes do cárcere”, continua.