Estudo realizado pelo Imperial College, de Londres, apontou que o Brasil tem a maior taxa de contágio de coronavírus entre os 48 países analisados. Divulgada no dia 29 de abril, a pesquisa realizou seus cálculos com base nos números fornecidos até o dia 26. O indicador brasileiro é que cada pessoa infectada transmite o coronavírus a uma média de 3 indivíduos.
De acordo com o mesmo estudo, medidas de relaxamento da quarentena apenas são indicadas para locais que apresentam taxa de transmissão inferior a uma pessoa – ou seja, em que nem todos os indivíduos chegam a infectar outra pessoa com o vírus.
Até o domingo (3), o Brasil contava com 101.826 casos confirmados da covid-19, doença provocada pelo coronavírus, e 7.051 mortes. A projeção do Imperial College, cujas análises sobre epidemia são consideradas referência em todo o mundo, sugere que o país poderá registrar mais 5.600 mortes até o fim desta semana.
Número de mortes por síndromes respiratórias é o maior dos últimos 10 anos
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), há uma tendência de crescimento acelerado das internações por síndromes respiratórias em todas as regiões do país.
A chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é caracterizada pela combinação de sintomas específicos, incluindo febre, tosse ou dor de garganta e dificuldades respiratórias ou saturação de oxigênio inferior a 95%.
A SRAG normalmente exige que a pessoa seja internada e é provocada por vírus que afetam o sistema respiratório, como o influenza causador da gripe comum, H1N1 ou o coronavírus.
A Fiocruz monitora e publica semanalmente os números de casos de SRAG no portal InfoGripe. O sistema foi criado em 2009, para auxiliar no combate à epidemia de H1N1.
No ano passado, foram registrados 39,4 mil casos e 3,8 mil óbitos. Em 2020, até o dia 26 de abril, o número de casos já estava em 44,7 mil, com 5,5 mil óbitos notificados. Até o momento, 11.315 casos tiveram seus resultados laboratoriais, dos quais 77,5% estão associados à covid-19, enquanto 6,9% foram causados por Influenza A, 3,6% por Influenza B e 3,9% por vírus sincicial respiratório (VSR).
Dos óbitos reportados, 2.452 deles tiveram resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios, sendo 92,7% das mortes associadas à covid-19.
Mortes por síndrome respiratória em Manaus subiram 578%
Em Manaus, o número de óbitos registrados por síndrome respiratória teve um aumento de 578% em relação a 2019. Foram 1.181 falecimentos notificados entre os dias 1º e 28 de abril, contra 174 mortes ocorridas no mesmo período no ano passado.
Esses índices apontam para uma subnotificação da covid-19 na capital do Amazonas, que tinha, até o dia 30 de abril, 5.224 oficialmente confirmados e 425 mortes.
De acordo com dados disponibilizados pela prefeitura de Manaus, foram 118 mortes associadas ao coronavírus entre os dias 21 e 28 de abril, tendo havido 262 enterros por causas indeterminadas nos cemitérios municipais.
O número de sepultamentos em cemitérios particulares ainda não foi contabilizado.
O governo do Amazonas admitiu a existência de subnotificação, uma vez que a testagem só está sendo realizada em casos graves. Um estudo desenvolvido pelos professores Dr. Alexander Steinmetz e Dr. Sandro Bitar, do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no início de abril, aponta que o número de casos de covid-19 no estado pode ser de até 10 vezes mais do que as notificações oficiais.