A legalização do aborto se tornou um tema fortemente debatido no Brasil nos últimos dias após a repercussão do caso de uma menina de apenas 10 anos que foi violentada pelo próprio tio desde os 6 anos. Os abusos resultaram em uma gravidez, que foi interrompida de forma legal, no entanto, grupos cristãos foram até o hospital para protestar contra a realização do procedimento chamando a vítima de assassina.
Frentes cristãs divergentes
Segundo informações do site Congresso em Foco, apesar das manifestações contrárias à interrupção da gravidez realizadas pelos grupos pró-vida, existem grupos cristãos que divergem desta opinião e não são contrários à legalização do aborto.
Os grupos das Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) e também a Frente Evangélica pela Legalização do Aborto (Fepla) defendem o estado laico, a existência da educação sexual na escola, a legalização do aborto assim como os direitos das mulheres.
Posição sobre o aborto
De acordo com as frentes cristãs, a criminalização em torno do aborto não impede que a prática seja exercida, pelo contrário, faz com que as mulheres precisem recorrer a instituições ou clínicas clandestinas que muitas vezes acabam as levando a morte. O grupo ainda afirma que boa parte das mulheres que recorrem a estas clínicas são mulheres cristãs.
Frente evangélica
A frente evangélica defende que os abortos acabam ocorrendo desta forma, com mulheres cristãs.
Devido à falta de informação nas áreas de saúde pública, o tema ainda é visto como motivo de repressão tanto divina como criminal.
A Fepla defende ainda que este tema deve ser discutido dentro da saúde pública, e que reforçar esta lei vista como injusta, acaba encarcerando as mulheres, as matando e não mudam em nada o número de abortos realizados.
A lei é inquestionável para as igrejas extremistas, porém, para a Fepla, ao invés de agir como estas igrejas que acatam e apedrejam, deveríamos questionar as leis e lutar contra qualquer tipo de apedrejamento, assim como Cristo fez.
Frente católica
Para o Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), que existe em mais de 13 países e já está no Brasil a mais ou menos 25 anos, a criminalização do aborto consiste em uma narrativa de medo, quando o verdadeiro papel das igrejas deveria ser acolher e amparar estas mulheres.
Segundo a socióloga Tabata Tesser, que é integrante do grupo católico, o papel das igrejas não é interferir em políticas públicas e sim acolher mulheres que por algum motivo decidem interromper a gravidez sem criminalizá-las. A socióloga ainda diz que para o grupo o aborto é sim uma questão de saúde pública e não religiosa.
Estado laico
O grupo evangélico afirma que este tema deve ser debatido fortemente dentro dos templos religiosos, no entanto, o código de conduta de um grupo não pode de forma alguma definir ou impor o comportamento da sociedade em um todo
Ainda de acordo com o grupo, a defesa é direcionada ao estado laico, respeitando todos os tipos de crença e não apenas uma.