De acordo com o colunista Rogério Gentili, do UOL, o filho de um dos assassinos do casal Richthofen pediu a anulação da paternidade por sentir vergonha do pai.

História de 'João'

João –nome fictício escolhido pelo colunista para preservar a real identidade do jovem– é filho de Cristian e sobrinho de Daniel Cravinhos, ambos condenados pelo assassinato dos pais de Suzane von Richthofen. Ele era praticamente um bebê quando o crime chocou o Brasil. A frieza e crueldade de seu pai e seu tio ficou marcada pelas pauladas que deram no casal Richthofen até que não lhe restassem mais nada, nem mesmo um sopro de vida.

Um dos crimes mais chocantes e famosos da crônica policial brasileira aconteceu no dia 31 de outubro de 2002. João, na época, tinha apenas 3 anos e não fazia ideia da dimensão das atitudes de seus familiares.

20 anos

O crime que completa quase duas décadas marcou a vida de João para todo o sempre. Ainda hoje o jovem é constrangido e recebe olhares desconfiados todas às vezes que a identidade de seu pai é exposta através de seus documentos. A situação acaba se tornando insustentável para João, que inevitavelmente sofre e sente vergonha.

Em busca de maior qualidade de vida, João entrou com uma ação na Justiça na tentativa de retirar o nome do pai em seus documentos com uma anulação de paternidade.

Em uma das ações referentes ao caso, João declara: "Tenho vergonha".

Sobrenome

Esta não é a primeira ação que João move na Justiça devido ao histórico de seu pai. No ano de 2019, o tribunal lhe concedeu o direito de mudar seu sobrenome. A ação parece não ter sido suficiente para que o jovem possa seguir a sua vida em paz, o que fez com que ele entrasse com um novo pedido.

Além de retirar o nome de seu pai de qualquer tipo de documento, ele pretende revogar a relação pai e filho, assim como seus direitos e deveres. Caso João tenha vitória na ação, ele abrirá mão de receber qualquer tipo de herança ou eventual pensão relacionada ao pai.

Ação

Ainda de acordo com o colunista, que teve acesso à documentação relacionada ao processo, João afirma na ação que Cristian nunca lhe proporcionou nenhum tipo de amparo tanto material quanto afetivo.

Mesmo antes de Cristian tomar a decisão de participar do crime hediondo que mudaria a sua vida e dos demais envolvidos, ele já era um pai bastante ausente, relatou João.

Segundo revelado pelos documentos, os primeiros quatro meses de vida, seu aniversário de um aninho e um período de cinco meses onde seus pais tentaram reestabelecer a família e viver no mesmo lar, foram os poucos períodos em que a presença do seu pai foi ativa em sua vida.

A última vez que João teve contato direto com o pai foi no ano de 2010, quando realizou uma visita no presídio de Tremembé, em São Paulo.