Uma amiga da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, que teve a vida ceifada pelo ex-marido na frente das filhas do casal, disse ao jornal O Globo que a magistrada não quis a escolta oferecida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro porque sentia pena do ex-marido.
A magistrada solicitou a escolta no dia 14 de setembro deste ano de 2020 mas, depois de dois meses ela mesma a cancelou. Na época em que dispensou a proteção, Viviane alegou que estava se sentindo incomodada com a presença constante dos seguranças e também não queria que a imagem do ex-marido fosse prejudicada por causa da ação.
Uma das filhas também pediu para ela retirar os seguranças, alegando que o pai não era bandido.
A colega de Viviane, que pediu para não ser identificada, disse em entrevista ao jornal que a juíza tentou preservar a imagem do ex-marido como figura paterna e protegê-lo também, no final das contas.
O caso ocorreu na última quinta-feira (24) na Avenida Rachel de Queiroz, na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Seu ex-marido a atacou com golpes de faca quando a juíza estava deixando as filhas com ele.
As três filhas do ex-casal presenciaram o crime, sendo duas gêmeas de 7 anos e uma de 9. Viviane faleceu no local em que ocorreu o crime, e o autor ficou no lugar após cometer o assassinato, aguardando a chegada da Polícia.
Ele foi preso em flagrante e levado para a Divisão de Homicídios (DH).
A Justiça do Rio havia alterado a prisão em flagrante para prisão preventiva do suspeito nesta última sexta-feira (25). Enquanto esteve na delegacia, o autor não comentou nada sobre o que o motivou a cometer o crime e que só iria falar em juízo. Ele está sendo mantido preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio.
O corpo de Viviane estava previsto para ser cremado no Cemitério da Penitência, no Caju, Zona Portuária do Rio, na manhã deste sábado (26).
Ministros comentam morte de juíza
Os ministros Luiz Fux, Gilmar Mendes e Humberto Martins comentaram sobre a morte da juíza. Fux lamentou ao dizer que infelizmente casos como o de Viviane ainda vem acontecendo no Brasil e que o crime acaba fazendo com que pessoas que passaram por isso voltem a se lembrar do que passou.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ressaltou que o silêncio das pessoas precisa ser transformado em boas ações para proteger as mulheres da violência doméstica.
Gilmar Mendes, nas redes sociais, classificou o crime com bárbaro e que a procura de soluções para erradicar o feminicídio deve ser prioridade entre os magistrados.
O ministro Humberto Martins disse que o feminicídio ultrapassa fronteiras e que todo, independente de ser homem ou mulher, têm o dever de combater a violência contra a mulher.