Nessa última quarta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou a seus apoiadores na frente do Palácio da Alvorada que uma Educação inclusiva “nivela por baixo”, pois a presença de crianças com deficiência na mesma classe pode prejudicar toda a turma.
A fala do presidente foi para responder uma mulher que se dizia professora e estava reclamando da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender o Decreto Federal nº 10.502, editado no dia 30 de setembro, que criava a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
"O que acontece na sala de aula: você tem um garoto muito bom, você pode colocar na sala com melhores. Você tem um garoto muito atrasado, você faz a mesma coisa. O pessoal acha que juntando tudo, vai dar certo. Não vai dar certo. A tendência é todo mundo ir na esteira daquele com menor inteligência. Nivela por baixo. É esse o espírito que existe no Brasil", disse Bolsonaro.
Em entrevista ao blog Vencer Limites, do jornal O Estado de S. Paulo, a fundadora da Turma do Jiló, Carolina Videira, disse que é muito simplista associar a deficiência do aluno ao fato de não aprender, pois o problema não é a aprendizagem da criança e sim a metodologia de ensino. Segundo Videira, é preciso dar uma melhor valorização e melhor formação, além de ferramentas para o professor garantir que nenhum aluno fique para trás.
Estudos mostram o contrário do que diz Bolsonaro
Segundo o Cepi (Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação) e do IJC (Instituto Jô Clemente), que fizeram um estudo de três anos, alunos com deficiência intelectual têm um desempenho muito superior com a educação inclusiva.
Ganha-se muito mais independência e autonomia quando se está numa educação regular, em comparação com os alunos com a mesma deficiência em salas com a educação especial.
Essa pesquisa acompanhou 109 alunos com deficiência intelectual.
Deste mesmo grupo, 62 alunos foram para a escola regular, enquanto 47 foram para a escola especial. Por meio de uma avaliação e várias entrevistas com os professores que trabalharam na pesquisa, foram avaliados o desenvolvimento cognitivo, a comunicação, a sociabilidade e outros critérios.
No mês de dezembro, a pedido do PSB, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu o decreto do governo que, entre outros pontos, previa a criação de turmas e escolas especializadas para estudantes com alguma deficiência. Depois, o plenário do Supremo analisou o caso e manteve a suspensão da medida do governo.