Os profissionais da Saúde vêm trabalhando além da conta a fim de evitar a perda de vidas e a expansão do coronavírus. Muitos vão à exaustão e arriscam suas próprias vidas em prol da vida de outros.

Com justificativas de sobra, eles merecem o título de lutadores e de heróis. Mas, em breve essa denominação deverá se estender para “Super-Homens” e “Mulheres Maravilha”. É que existem outras doenças a serem controladas e tratadas, e a sociedade, cada vez mais, se tornará dependente destes profissionais da área médica.

Epidemias simultâneas com o coronavírus

A atenção dada somente à pandemia que assola o mundo esconde outros cenários desfavoráveis aqui no Brasil.

O primeiro deles gira em torno da dengue: só nos primeiros meses de 2020, notificaram-se mais de 525 mil casos prováveis transmitidos pelo mosquito. O número de mortes, se comparado ao da Covid-19, é baixo, com 181 vítimas.

Com relação à zika e à chinkungunya, os casos relatados são de 2.054 para a zika e para mais de 15 mil que contraíram a chinkungunya, matando 3 pessoas. Estas duas doenças também são transmitidas pelo Aedes aegypti.

O Ministério da Saúde reconhece que houve aumento em 2020 frente ao mesmo período analisado de 2019. Assim como no coronavírus, o público mais sensível à dengue se encontra nos idosos com mais de 60 anos de idade.

Técnicos do Ministério da Saúde avaliam com preocupação a simultaneidade do coronavírus com os casos de dengue e de gripe. A lógica é simples: quanto mais doenças, maior a necessidade de monitoração, controle e acompanhamento dos dados e do tratamento à população. É uma altíssima responsabilidade àqueles que estão na linha de frente: enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, entre outros.

Doença tropical, mas nem tanto

Costuma-se aliar a ideia de que a dengue é uma doença de clima tropical ou quente. Isso tem sua razoabilidade. Mas, as estatísticas mostram uma outra realidade, pois o primeiro lugar em quantidade de doentes picados pelo mosquito é do Paraná, estado da região Sul. São mais de 173 mil casos. Em seguida e pela ordem, vêm São Paulo, com 148 mil enfermos, Minas Gerais (com 36,8 mil) e Mato Grosso do Sul.

Consultado, o secretário de saúde do Paraná, Beto Preto, não descarta um colapso no sistema de atendimento às doenças no norte, noroeste e oeste do estado. Cidades importantes do Paraná, como Londrina e Maringá, estão dentro desse perímetro.

Igual a uma bola de neve descendo a montanha, a extensão do problema gera e mantém a preocupação do Ministério da Saúde, o qual já se concentra nas mortes ocorridas por dengue. Por isso, os técnicos da área federal estão de olho no Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso e Espírito Santo.

Tem mais uma para olhar

Realmente, diante do que já se leu antes, a situação não é das melhores, ainda que haja surtos de epidemias em diversas partes do território do Brasil.

Portanto, o sinal de alerta permanece vigilante e operante.

Para o secretário do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, a coisa pode ser vista de outra forma: como uma oportunidade. Ele acha que a permanência de ficar em casa aliada à falta de ocupação podem estimular as pessoas a fazer outras atividades como, por exemplo, a de limpar quintais, monitorar o nível da água dos pratos das plantas, verificar se existe água parada em algum ponto da moradia e buscar um posto de saúde para se vacinar.

Será questão de tempo o encontro destas epidemias. Pode ser que uma esteja em direção ascendente e outra, em sentido contrário. Assim pensam as autoridades estaduais de saúde.

No estado de São Paulo, há um contexto curioso e um pouco otimista: enquanto o coronavírus avança na região metropolitana, a maior incidência de dengue pertence ao oeste do estado.

Enquanto elas não se cruzarem, significará um alívio para os trabalhadores da saúde.

Mas, não se descarta que mais de uma doença aconteça ao mesmo tempo e nos mesmos lugares. O risco existe, pois abril é o mês de pico para dengue, coincidindo com a previsão de alta para a Covid-19 em São Paulo.

Além da gripe, da dengue e do coronavírus, os técnicos se voltam para o sarampo, o qual ainda persiste no Brasil. Para eles, o melhor é que as pessoas vão até o posto de saúde e sejam vacinadas tanto para a gripe quanto para o sarampo. A questão não é mais de atingir uma meta, o que nos últimos anos, tem demorado para ser cumprida. Agora é uma questão de se imunizar e estar preparado. Ter uma sociedade vitoriosa contra tantas doenças.