O Ministério da Cultura defendeu o Funk como Cultura Nacional e gerou debate entre internautas que curtem a página oficial do MinC no Facebook. A postagem foi realizada no último dia 14. Além da afirmação positiva em relação ao gênero musical, a página marcou na postagem páginas oficiais de diversos funkeiros, como: MC Choque Royal, MC Leonardo Apafunk, MC Pernalonga Novazky e MC Pingo do Rap.

Na imagem postada pelo MinC está a afirmação de que o Funk é uma manifestação artística da periferia e merece ser respeitado, pois Cultura é algo que vai muito além do mero gosto pessoal.

Ainda segundo a postagem, respeitar a diversidade cultural é importante, sobretudo, em um país de proporções continentais como o Brasil.

A ação do Ministério da Cultura faz parte do projeto “Dialoga Brasil”, lançado na semana passada pela Presidente Dilma Rousseff e que pretende criar um espaço digital para ouvir sugestões da população sobre melhorias de programas, ações e políticas públicas do Governo Federal.

Debate em rede social

Mesmo se posicionando a favor do Funk como uma legitima manifestação artística da Cultura Nacional, o MinC recebeu críticas de vários internautas que questionaram a afirmação do Ministério. Em uma postagem, por exemplo, um internauta de iniciais LN publicou: "Tiro, porrada e bomba faz parte da formação cultural de milhões de pessoas?

Desculpe, não me incluo nisso”.

Já em outra postagem, uma internauta de iniciais TK criticou os detratores do gênero: “As pessoas tendem a generalizar e banalizar o funk por causa daqueles que usam o ritmo pra falar besteiras e fazer apologias. MAS EXISTE O FUNK BOM! O FUNK MUSICAL, o funk melody! O funk tamborzão saudável!

Existe o lado maneiro... NÃO GENERALIZEM e aceitem!”.

Funk é Cultura?

Segundo Carlos Bruce Batista, organizador do livro “Tamborzão: A Criminologia do Funk” (Editora Revan), o posicionamento do Ministério da Cultura é mais do que válido. “O MinC não fez nada mais do que já preceitua a nossa Constituição da República. O seu artigo 215 garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional.

É dever do Estado proteger as manifestações das culturas populares.Aqui no Estado do Rio de Janeiro, o funk já é reconhecido pela lei 5543 de 2012 como movimento cultural e musical de caráter popular”.

Ainda de acordo com Carlos Bruce Batista, a definição do que é cultura é uma tarefa muito difícil e complexa. “Eu particularmente associo a cultura a um modo de vida, ligado a costumes e ao cotidiano. Faz parte da produção e reprodução material da vida. A partir disso o funk é sem dúvida um movimento cultural por que produz e reproduz um vasto material genuinamente pertencente a um modelo estético de expressão. As montagens, os raps, os proibidões, o tamborzão, traduz essa estética rica e completamente comprometida com esse universo que circunscreve o mundo funk”.

Funk Consciente

Dentre os vários subgêneros do Funk que surgiram nos últimos anos, o Funk Consciente se destaca por tratar de temas como: desigualdade social, política, alienação e educação. Além disso, o ritmo busca resgatar elementos originais do gênero com o que vem sendo batizado como “Funk Raiz”. Para um dos representantes do Funk Consciente, MC Garden, o MinC acertou em defender o Funk como Cultura.

“Eu concordo com o Ministério da Cultura quando eles afirmam que o funk é cultura, realmente é cultura e deve ser respeitado. Eu sou um grande defensor do movimento como cultura, mas para ser respeitado, tem que se dar ao respeito. Acredito que o funk deve ser considerado cultura, porém deve trabalhar de forma mais respeitosa, principalmente quando se trata de letras”, afirma.

“Eu defendo que a Música deve transmitir alguma informação, que acrescente algo na vida de quem está ouvindo. Eu faço Funk Consciente, porém não me limito ao funk, tenho trabalhado em músicas de outros ritmos, porém todas com conteúdo, buscando sempre agregar informação à pessoa que ouve minhas letras”, garante MC Garden.