Estreou nesta última sexta-feira (17), na Netflix, "A Gente se Vê Ontem" (See You Yesterday). O filme foi dirigido por Stefon Bristol, que também assina o roteiro junto com Fredrica Bailey, e produzido pelo cineasta Spike Lee.

"A Gente Se Vê Ontem" mistura ficção científica com problemas sociais, dilemas morais e questões filosóficas.

A trama

A produção narra a história de dois adolescentes do ensino médio, Claudette 'CJ' (Eden Duncan-Smith) e seu melhor amigo, Sebastian (Dante Crichlow), ambos são prodígios que conseguiram criar uma máquina do tempo.

Depois de fracassarem em alguns testes, eles finalmente conseguem viajar para o passado, mas as coisas dão errado e eles irão ter que lidar com os conhecidos problemas vistos em produções que falam sobre Viagem no tempo: paradoxos temporais e a não interferência em eventos passados para não causar mudanças catastróficas no futuro.

A trilogia "De Volta Para o Futuro", de Steven Spielberg, é ainda hoje uma referência para a maioria das produções que falam sobre viagem no tempo, e não é diferente com o filme do diretor Stefon Bristol, que claramente se influenciou na estética de "De Volta Para o Futuro". Logo no início da produção é vista uma homenagem à trilogia protagonizada por Michael J. Fox.

O filme usa teorias reais sobre viagem no tempo e geração de energia e uma boa dose de elementos fantasiosos para explicar a criação da máquina do tempo.

A produção inicia com um clima leve e descontraído, que poderia dar a entender que seria só um filme leve, sem grandes pretensões.

Mas aos poucos, outros elementos são inseridos na trama, com a entrada de outros personagens, que mesmo que pareçam ter pouca relevância, mas adiante será visto que eles terão um papel importante na história.

A dupla de protagonistas têm que lidar com as consequências de sua invenção em meio aos seus problemas cotidianos, jovens negros vivem em um ambiente cercado por criminalidade, preconceito racial e violência policial, temas quase sempre presentes nas obras de Spike Lee, não é diferente neste filme em que ele atua como produtor.

Talvez o grande questionamento que o filme traga, seja a pergunta que o professor de Ciências de CJ e Sebastian faça para a jovem, quando ele pergunta para ela o que ela mudaria se fosse capaz de viajar no tempo, ou se ela deveria mudar alguma coisa.

Algo que pode ser considerado como ponto fraco do filme é a maneira irresponsável com que os dois lidaram com um invento ao mesmo tempo revolucionário e perigoso se usado de forma errada.

Isto fica evidente no longa, principalmente pela personagem Claudette, que desenvolve uma fixação em querer sempre voltar no tempo para consertar os danos causados por ela.

Isto faz com que a personagem perca verossimilhança, e passe a impressão que ela é uma cientista que não aprendeu com as experiências mal sucedidas de seu invento.