Nem todo mundo pode se considerar representado de maneira justa em Hollywood. A verdade é que a indústria cinematográfica ainda tem um sério problema com a representação de culturas, povos e etnias em filmes e animações. Na mais recente premiação do Oscar, diversos artistas fizeram uma espécie de protesto em razão do número baixíssimo de negros indicados aos prêmios da Academia, recusando comparecer a cerimônia.

O problema de Hollywood com a questão da representatividade não é somente sobre ter ou não atores negros ou de outras etnias no elenco de filmes, mas também sobre representá-los sem que sejam apresentados como esteriótipos preconceituosos, e sim de maneira honesta e realista.

Os filmes comentados abaixo trazem cenas de conteúdo racista e discriminatório mais ou menos perceptíveis. Enquanto alguns são óbvios - como é o caso da animação Fantasia - outros são sutis e quase passam despercebidos - como no caso de referências à caribenhos e judeus em personagens de Star Wars.

Confira:

Fantasia (1940)

Nesta animação da Disney de 1940, podemos ver uma cena em que uma centauro fêmea negra é mostrada polindo os cascos de duas fêmeas de centauro brancas. À época em que a animação foi produzida, esteriótipos racistas estavam muito presentes, sobretudo na sociedade norte-americana.

O filme foi editado e relançado em 1969, desta vez sem as cenas polêmicas.

O Cantor de Jazz (1927)

Este longa, o primeiro a ter o áudio sincronizado às cenas, apresenta um personagem com blackface, uma prática que consiste em pintar atores brancos com tinta preta para que estes representem e interpretem personagens negros.

''O Cantor de Jazz'' foi um filme de muita influência para a história do Cinema e por isso, alguns historiadores defendem que a utilização de blackface no mesmo não pode ser considerada racista, uma vez que na época, esta prática era muito comum.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Este caso pode não ser tão explícito quanto os anteriores porém, segundo alguns fãs e analistas, trás esteriótipos negativos dos caribenhos e judeus.

Os primeiros teriam sido representados de maneira caricata pelo atrapalhado personagem Jar Jar Binks que teria esteriótipos negativos da cultura Rastafari. Já Watto, o mercador, seria uma representação bastante negativa de esteriótipos judeus, semelhantes àqueles apresentados em propagandas nazistas durante o Holocausto.

E o Vento Levou (1939)

O filme ''E o vento levou'' se passa no sul dos EUA, em uma época em que a segregação racial era algo comum, e por essa razão, trás vários esteriótipos negativos dos negros. Nele, a escravidão é vista como algo normal, sendo apoiada inclusive pelos próprios escravos.

Apesar disso, ''E o vento levou'' foi o primeiro filme ao proporcionar a indicação e a vitória de uma atriz negra no Oscar. A atriz Hattie McDaniel foi indicada ao prêmio, e saiu vitoriosa na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. A atriz porém, não pode comparecer à pré-estréia do filme, pois as leis raciais vigentes em Atlanta, onde o filme foi lançado, impediram que ela pudesse prestigiar o evento.

Peter Pan (1953)

''Peter Pan'', da Disney, foi apontado nesta lista em razão da representação distorcida dos indígenas norte-americanos. Nesta animação, os nativos são representados como animais ou como pessoas totalmente ignorantes.

Avatar (2009)

''Avatar'' não possui, na verdade, nenhuma cena realmente racista, mas sim um clichê hollywoodiano do herói branco introduzido em contextos diferentes do seu - visto em outros longas como ''O Último Samurai'' - que desempenha o papel principal na narrativa.

O filme também lança um questionamento a respeito da hostilização das tribos pelo homem branco.

Falcão Negro em Perigo (2001)

Este longa conta a história de soldados americanos enviados para combate na Somália.

O filme foi alvo de severas críticas pelo povo e pelo governo da Somália. Isso porque, nele, a cultura Somali não foi apresentada em nenhum dos personagens. Os soldados somalis do longa não possuem traços de humanidade, e sim são retratados como ''africanos genéricos'' no caminho dos soldados norte-americanos.

Um órgão de Justiça da Somália chegou a emitir uma nota de repúdio ao filme de Ridley Scott.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984)

Parte da franquia de Indiana Jones, este filme foi bastante criticado por sua representação dos indianos.

Nele, o povo da Índia é mostrado em esteriótipos falsos, como por exemplo na cena do banquete onde comem cérebro de macaco e cobras, que de forma alguma são pratos típicos indianos. A representação do hinduísmo no filme também foi considerada ofensiva, e o governo indiano chegou a recusar que a produção do filme fosse feita na Índia.