Está a ponto de encher o tanque do carro? Saiba, então que, até a semana que vem, os preços vão cair. Nesta sexta-feira, 14 de outubro, a Petrobras anunciou redução de preços nas refinarias, a partir deste sábado: 2,7% para o diesel; 3,2% para aGasolina. Para o consumidor, é pouco, e só virá na semana que começa no dia 17. Mas há ganhos além da conta bancária de cada um.

É a primeira queda de preços desde julho de 2009, quando houve queda de 4% para a gasolina e 15% para o diesel. A redução de agora, porém, pode não ser tudo isso: a estatal prevê que o impacto para o consumidor será de R$ 0,05 na bomba, isto é, redução de 1,4% para a gasolina e de 1,8% para o diesel.

Donos de postos, de acordo com o Sindicato dos Postos de Combustíveis de São Paulo (Sincopetro), disseram que a redução deve ficar mais para R$ 0,03. Para um tanque médio de 50 litros, o ganho ficará entre R$ 1,50 e R$ 2,50.

Novo cálculo do preço

A Petrobras fez uma mudança no cálculo para chegar ao novo preço. Vai considerar daqui em diante a paridade internacional (preços no exterior). Além disso, contará a margem para remuneração de riscos (como o câmbio, por exemplo) e o nível de participação no mercado. Disse Pedro Parente, presidente da estatal, em entrevista à imprensa que o objetivo é fazer reajustes mais rapidamente, embora não de forma automática: “Ao menos, uma vez por mês, quando houver necessidade, faremos uma reunião [para discutir preços]”.

A medida foi pensada para conferir um impacto positivo para os consumidores — mas sem afetar demais as finanças da companhia. A Petrobras está tentando se recuperar de prejuízos recentes e reduzir sua dívida. Hoje, essa dívida está em R$ 450 bilhões, 72% disso em dólares, segundo informações da própria estatal.

Gasolina mais cara no Brasil

O preço da gasolina nas refinarias da Petrobras está 15% acima da média dos preços no exterior. É muito. E isso acontece já há 13 meses seguidos, segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Com a redução de preços anunciada nesta sexta-feira, à diferença entre o preço da gasolina nas refinarias brasileiras e os de referência no exterior aproxima-se agora de 12%.

Mesmo assim, o diretor da CBIE, Adriano Pires, acha que a Petrobras deveria esperar a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), programado para novembro. Nesse encontro, dado o acordo entre os países produtores, é possível que o preço do barril de petróleo — hoje, na faixa de US$ 50 — chegue a US$ 60. Não é uma boa perspectiva, porque a redução de hoje pode se transformar em novo reajuste no mês que vem.

Inflação, o melhor efeito

Se não houver percalços, uma consequência boa — além da redução em si — será aInflação - previsão para 2016 puxada para baixo. Assim, contribuirá para o processo de queda da taxa básica de juros, Selic, ora em 14,25% ao ano. Nesta última sexta-feira (14) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o resultado para a inflação é bom, sem que a Petrobras tenha sido usada como instrumento de política econômica, na visão dele, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo cálculos de analistas e economistas, essa redução no preço dos combustíveis deve ter efeito no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,10 pontos percentuais neste ano. A previsão dos analistas consultados pelo Banco Central para a inflação deste ano, pelo último relatórioFocus, do Banco Central, é de 7,04%. Ou seja, a inflação pode cair abaixo de 7% — o que é uma ótima perspectiva.