Se após o caos político que ocorreu em Brasília com a delação de Joesley Batista, dono da JBS, em que mostrou áudios nos quais o presidente Michel Temer pede que o silêncio de Eduardo Cunha seja comprado, é natural o investidor ter dúvidas sobre as atitudes que deve tomar sobre os papéis do governo. Para aumentar as incertezas, a Bolsa de Valores, na quinta-feira (18), entrou em "circuit breaker", quando ocorre uma queda acima de 10% nas ações da Ibovespa e todo o sistema é parado por 30 minutos. A última vez que ocorreu foi na crise financeira de 2008.

Quando se compra um título de Renda fixa, como o Tesouro Direto, o investidor está comprando um risco. Para Ricardo Maia, sócio da Taiga Investimentos, o risco não é tão alarmante se for pensar a longo prazo. "Não somos a Grécia e nem estamos prestes a entrar em uma crise fiscal. O país continuará existindo daqui a 20 anos e é desta forma que o investidor deve enxergar, oscilações há curto prazo irão ocorrer", diz Maia.

Para especialistas do mercado financeiro, durante uma pequena turbulência no que vinha caminhando bem é hora de entrar no mercado e comprar títulos. "Para quem não tem títulos do país, essa é uma ótima oportunidade para adquirir", diz Alexandre Cabral, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo) e economista.

Se a ideia é comprar em meio à crise, Rodrigo Maia dá um conselho. "É uma janela de oportunidades os títulos ligados à inflação e os prefixados. Não precisa pensar tão longe como 2035 ou mais do que isso, ainda vale muito a pena os de 2023 ou 2019", afirma.

Abrindo a carteira, o assessor financeiro Juliano Custódio diz o que vinha fazendo e suas pretensões para os próximos meses.

"Antes de toda essa crise de áudios e política, eu tinha 80% da carteira no IPCA+ e pensava em reduzir. Depois do que houve, irei até 30%", diz ele.

Não se faz um investidor sem crise

Para os iniciantes no mundo do mercado financeiro, os especialistas dizem que é hora de aprender. Nada melhor do que no olho do furação tirar as melhores lições.

"É por motivos como esses que falamos em diversificar os investimentos. Queremos que o cliente saiba que investir tudo em renda fixa ou ações, como muitos fizeram, está olhando seus recursos desaparecer", diz Custódio.

O assessor financeiro não vê mares tranquilos até o fim do ano e indica dois importantes ativos para os investidores indecisos. "Casos como esses devem durar muito tempo e o mercado ficará oscilando até o fim do ano. É complicado agora falar qual a melhor, mas pensando em segurança, o Tesouro Selic e CDBs, é uma ótima escolha", afirma o criador do site Eu Quero Investir.