As restrições de deslocamento de pessoas como medida para conter o avanço do coronavírus já estão impactando em uma classe de trabalhadores. Com a redução do número de viagens, dezenas de motoristas de ônibus estão tendo seus salários reduzidos ou estão sendo dispensados. O corte também deve se estender a cobradores, bilheteiros, funcionários de manutenção.

Nas redes sociais funcionários das empresas têm demostrado apreensão quanto ao futuro de seus postos de trabalho. Imagens de pátios lotados de ônibus parados são compartilhadas para dar a dimensão do problema.

A Viação Cometa, uma das maiores empresas de ônibus do Brasil, é uma que já tem adotado medidas drásticas. Um funcionário que preferiu manter a idade sob sigilo, mas que tem 14 anos de serviços prestados à empresa e que faz a linha Campinas x Rio, revelou que os trabalhadores com mais de 60 anos estão sendo mandados para casa e recebendo licença remunerada.

O grande problema passa a ser com os que têm menos de 60 anos de idade. Segundo este funcionário, os trabalhadores que não são idosos estão sendo dispensados e ficarão sem receber os salários do mês que vem. A esperança deles é que ao menos a empresa não corte o ticket alimentação e consiga seguir sem cobrar pelo convênio médico.

Um funcionário que trabalha na garagem da empresa em Juiz de Fora, Minas Gerais, disse que três trabalhadores de lá já perderam o empego.

Mais demissões

Outra empresa que também está demitindo funcionários é a Itapemirim, com sede do estado do Espirito Santo. Após ter sido comunicado de sua dispensa, um funcionário fez um desabafo nas redes sociais. “Agora, em casa, com dois filhos pequenos, sem emprego, sem salário. A morte será por depressão”, escreveu.

A Gontijo, uma das dez maiores empresas do ramo no Brasil, emitiu um comunicado a seus funcionários informando que haverá paralisação total. Para evitar demissões, todos receberão férias.

Esperam por linha de crédito

A esperança das empresas de transporte de rodoviário de passageiros é que o governo abra uma linha de crédito. Flávio Maldonado, o diretor da Associação das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros, disse que algumas empresas já vinham enfrentando situação financeira delicada e a pandemia do coronavírus complicou ainda mais as coisas.

Dono de uma viação que possui 210 veículos, Maldonado diz que o faturamento da empresa foi reduzido a zero que faz uma semana que não entra dinheiro algum em caixa e que a empresa perdeu até a capacidade de pagar o óleo diesel e nem empregados. Ele estima que 70% dos funcionários ficarão sem receber salários.

Maldonado falou ainda que dos 855 funcionários que possuía, 700 foram dispensados e não sabe como pagará o salários dos dispensados, bem como suas rescisões. Ele espera que seja aberta pelo governo linha de crédito para ser usada no capital de giro.