A Petrobras anunciou nesta semana a suspensão de venda de um lote de combustível de aviação com suspeita de adulteração.

Essa medida é um atendimento da estatal às reclamações e denúncias efetuadas por pilotos e associações ligadas à aviação comercial.

O temor se justifica: o tipo de gasolina que está com problemas é largamente utilizado nos abastecimentos de aviões de pequeno porte. As aeronaves de grande porte, transportando uma capacidade bem maior de passageiros, não usam esse tipo de combustível. Para eles, utiliza-se o querosene.

O procedimento adotado pela Petrobras é seguir as recomendações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Combustível e Biocombustíveis) e o produto veio importado de uma refinaria dos Estados Unidos.

Antes de ser colocado para a venda, a empresa faz uma checagem em laboratório para ratificar a qualidade.

Mesmo assim...

Em nota divulgada, a Petrobras disse que não há indícios de adulteração na gasolina, porém admitiu uma alteração na composição de lotes anteriormente analisados. Segundo a empresa, não se pode apontar como causa a gasolina, em vista das anomalias e eventos apresentados nos pequenos aviões nos últimos dias.

Por precaução, a Petrobras decidiu suspender a comercialização do lote com problemas. Por outro lado, a estatal brasileira afirmou que importou o produto de um tradicional refinador dos Estados Unidos. Este refinador americano assegurou que o lote em questão possui as mesmas características dos outros lotes usados em aeroportos dos Estados Unidos.

Tanto os técnicos da Petrobras quanto os fornecedores americanos estão trabalhando em conjunto para tomar as providências cabíveis.

Outra conversa

De acordo com a AOPA (Associação dos Pilotos e Proprietários de Aeronaves), a Petrobras fez testes neste lote de combustível e reconheceu que a variação na qualidade pode acarretar problemas em peças de borracha e de plástico.

Até o meio da semana, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) recebeu 92 relatos de avarias no sistema de alimentação de aviões pequenos. As reclamações vieram de diversas regiões do país. Cerca de 46 aeroportos repassaram anomalias relacionadas com a gasolina. Sem resolução imediata, 51 aeroportos estão sem o combustível, em razão da suspensão das vendas.

Impossibilitados de decolar e circular pelo céu, 12 mil helicópteros e aviões de pequeno porte não se sentem seguros em fazer rotas comerciais, pulverizar defensivos nas plantações ou transportar órgãos humanos aos hospitais e centros médicos. A orientação geral é não voar.

O Brasil é dependente total do Exterior quando se trata de combustível para a aviação. Desde 2018, tudo o que vai para os tanques das aeronaves vem de fora.

A ANAC e a ANP juntaram-se em uma comissão para investigar e apurar os problemas. Já a AOPA escreveu que a “identificação deverá revelar as causas e os efeitos de tantos problemas ocorridos de maneira simultânea em todo o Brasil, que já ocasionaram incontáveis impactos diretos além dos danos que ainda poderão vir a ser identificados na medida em que as investigações evoluam".