Existem dois principais argumentos contra o Campeonato Mineiro: sabemos que os vencedores serão Atlético ou Cruzeiro e que a baixa qualidade dos adversários não serve para avaliarmos os times. Quanto ao primeiro argumento, basta uma rápida análise dos vencedores de outros campeonatos considerados importantes.

Considerando o século XXI, o campeonato Italiano teve quatro campeões distintos: Juventus, Inter, Milan e Roma. O espanhol também apresentou quatro ganhadores: Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid e Valência. Na Inglaterra também foram quatro diferente vencedores: City, United, Chelsea e Arsenal.

A Alemanha foi um pouco diferente, foram cinco vencedores: Bayern, Borussia Dortmund, Werder, Stuttgart e o Wolfsburg. E como foi em Minas Gerais? Quatro vencedores: Atlético, América, Ipatinga e Cruzeiro, sem contar a Caldense em 2002, ou seja, em todas essas ligas existe um grupo limitado de competidores, sendo que em algumas, uma dupla de times domina a competição.

Já a segunda crítica, podemos aceitar que a qualidade dos times nem sempre é muito superior. Mas já é outra coisa afirmar que o campeonato não serve para uma avaliação dos times. Como diria Didi: treino é treino. Campeonato estadual é campeonato estadual. Em 2012 Cuca usou o Estadual para arrumar o time que seria vice-campeão e ganharia a Libertadores no ano seguinte.

A organização tática do time e o desenvolvimento do Bernard ocorreram durante a conquista invicta. Por isso, a chegada de Ronaldinho Gaúcho funcionou tão bem e de maneira tão imediata. Ele e as outras peças adicionadas se beneficiaram de um time já organizado. No estadual seguinte, o time já estava armado e o estadual serviu para "aclimatar" os novatos Luan e Tardelli, além de fortalecer moralmente o time.



Naquele mesmo estadual, Marcelo Oliveira pegou uma barca de jogadores, perdeu o campeonato, mas selecionou o elenco e montou o time que seria bicampeão brasileiro. Basicamente, terá de fazer o mesmo agora. Problemas na Libertadores? Nada mais natural: o calendário faz do estadual ideal para que o time se ajuste para o brasileiro, que vem em seguida.

Mas não para a Libertadores, que tem datas misturadas com os estaduais. A influência de um sobre o outro pode ser positiva, como foi para o Atlético em 2013, mas se você precisar ajustar o time no estadual para disputar a Libertadores, poderá ser tarde demais, como foi para Atlético e Cruzeiro em 2013.

Existem problemas com o estadual: o calendário brasileiro é saturado e a qualidade dos campos no interior é ruim, mas não venham me dizer que os Estaduais são ruins, pouco interessantes ou que não servem para nada.

Ah, mas e o jogo Atlético e Tupi? Dátolo e Lucas Pratto marcaram. Depois o time sofreu com a falta de ritmo e foi pressionado pelo Tupi. Mas ficam duas coisas importantes: como o Atlético já tem padrão de jogo, o Mineiro vai servir para aprimorar o Carlos, como serviu em 2012 para aprimorar o Bernard e para deixar o Pratto mais a vontade.

Durante o jogo, o argentino mostrou que sabe se deslocar de maneira inteligente, não correndo para frente, mas lateralmente, evitando o impedimento. Se o Carlos, que ainda corre mais que a bola, aprender isso com o Argentino, já será uma grande evolução. E o Campeonato Mineiro já vai ter sido útil.