Há 30 anos o juiz de direito Francisco Horta assumia a presidência do Fluminense F. C., anunciando uma nova era do tricolor, revolucionando o campeonato carioca de 1975. Seu primeiro investimento foi a contratação de Roberto Rivelino, desgastado e desgostoso no Corinthians, que defendeu por 10 anos, e do qual saíra bastante magoado com os dirigentes e com a própria torcida. Riva possuía apenas um título na carreira - mas que título! - tricampeão com a Seleção Brasileira no México.

Era a primeira e mais importante engrenagem da "Máquina Tricolor", apelido carinhosamente dado pela torcida. Mas Horta não parou na contratação do super-craque, que estreou num sábado de Carnaval num amistoso contra o seu ex-time, fazendo três gols na vitória de 4 a 1, um deles de cabeça, raro para seu estilo. O presidente abriu os cofres e comprou jogadores no nível de Seleção, e já possuía o lateral-direito Toninho Baiano, o atacante Gil, o lateral-esquerdo e tricampeão no México Marco Antônio, o jovem e excelente zagueiro Edinho, o meia Carlos Alberto Pintinho e Abel Braga, hoje trabalhando como técnico, sendo estes três últimos, formados nas categorias de base. Outras duas contratações de impacto foram Paulo Cézar Caju, "repatriado" da França, e o capitão do tri Carlos Alberto Torres, que vinha do Santos e também fora formado nas Laranjeiras. Completava a equipe o experiente goleiro Félix.

No ano em que o Maracanã completava 25 anos, o campeonato carioca era disputado em três turnos. A Taça Guanabara fora conquistada com um placar de 1 a 0 contra o América, com um gol de falta de Rivelino na prorrogação. O returno foi conquistado pelo Botafogo e o terceiro turno pelo Vasco da Gama. Naquela época, os times estavam bem nivelados, numa excelente safra de jogadores no Futebol carioca, e o Flamengo de Zico conquistara o quarto lugar na competição de 1975. No triangular decisivo, o Flu sagrou-se campeão por saldo de gols, apesar da derrota por um a zero contra o Botafogo. Um ano excelente para o ex-garoto do Parque (São Jorge), que fora o segundo artilheiro do time, com 13 gols. 

No ano seguinte a política era mantida. Horta propôs o "troca-troca" de jogadores com os outros clubes. Vieram Doval, Rodrigues Neto e Renato do Flamengo, Dirceu do Botafogo e Miguel do Vasco. Com os inesquecíveis slogans "Comprem que a torcida garante" e "Vencer ou vencer", o resultado não podia ser outro: Fluminense bicampeão carioca, com o argentino Doval liderando a artilharia, fazendo 20 gols.

Em abril deste mesmo ano, numa tarde de sábado no Maracanã, o Fluminense aplicou no Goytacaz uma das maiores goleadas de sua história, arrasando o time de Campos pelo placar de 9 a 0, com 3 gols de Doval, 3 de Gil, um de Dirceu, um de Paulo Cézar e um contra.  

Uma pena que esse "dream team" fora desclassificado no Brasileirão de 1975 pelo potente Internacional de Falcão, e ficado apenas em quarto lugar em 1976, eliminado pelo Corinthians, no jogo da famosa "Invasão Corintiana" quando 50 mil torcedores do clube paulista se deslocaram de São Paulo para o Maracanã. O Flu tinha tudo para ser tricampeão no Rio e também campeão nacional. O Internacional foi bicampeão brasileiro nesses dois anos. 

Mas, em 1977, Francisco Horta errou na massa e propôs troca-trocas que acabaram desmontando a "Máquina" aos poucos, perdendo a chance do tricampeonato para o Vasco. Mas a fase de 1975/76 ficará para sempre no coração dos torcedores do Fluminense e na história do futebol brasileiro.