Neste 1º de maio, o mundo do automobilismo lembra os 23 anos da morte de Ayrton Senna no fatídico Grande Prêmio de San Marino, disputado na pista de Ímola, na Itália, em 1994. Os fatos trágicos daquele final de semana incluem também a morte de outro piloto, a quase perda de uma promessa brasileira e espectadores e mecânicos feridos em uma corrida que jamais deveria ter acontecido.
Tudo começou ainda nos treinos oficiais de sexta-feira, dia 29 de abril. A Jordan de Rubens Barrichello escapou na entrada da Variante Baixa, curva de alta velocidade, bateu da zebra, o que faz o carro decolar e quase ir parar nas arquibancadas, não posse por uma cerca de proteção.
O carro ainda capotou por cima da barreira de pneus até cair com as rodas para cima.
O piloto foi retirado desacordado do carro, só recobrando a consciência no hospital e sem se lembrar de nada. Anos mais tarde, ele revelou que havia morrido por seis minutos, segundo os médicos e que sua língua havia ido parar na garganta.
Isso foi apenas o prenuncio do que estava para acontecer. A imagem mais chocante ficou guardada para o sábado, dia 30. A transmissão oficial mostrava o piloto Damon Hill fazendo mais uma volta quando a tomada foi bruscamente cortada para a imagem de uma Sintek rodando no meio da pista, totalmente destruída.
A cada movimento do carro a cabeça do piloto austríaco Roland Ratzenberger ia de um lado para outro do cockpit, como se seu pescoço fosse de borracha.
A batida no muro, a mais de 300 quilômetros por hora, fez o piloto de 33 anos sofrer várias fraturas e praticamente ter morte instantânea. A confirmação de sua morte foi dada somente após o fim do treino oficial.
Mesmo com todos os fatos da véspera, a corrida foi mantida. Um clima tenso tomava conta do grid, parecendo antecipar de que mais episódios graves estariam por acontecer.
E não precisou mais do que alguns metros após o sinal verde para isso se tornar verdadeiro.
Logo após a largada, o carro de J.J. Letho ficou parado no meio da pista. O português Pedro Lamy, que vinha do final do pelotão, não conseguiu desviar sua Lotus, acertando em cheio a Benetton do finlandês. Um dos pneus ultrapassou a cerca de proteção e feriu nove espectadores que estavam nas arquibancadas.
Com a batida, o carro de segurança foi acionado para que a pista pudesse ser limpa.
A corrida voltou na volta número cinco e na sétima volta é quando ocorre o acidente fatal de Ayrton Senna. A mexida de cabeça após o choque na curva Tamburello, que a princípio foi um alívio para os torcedores, nada mais foi do que o último movimento feito pelo tricampeão, que só foi dado como morto horas mais tarde, porém há que defenda a tese de que ele morreu dentro de sua Williams.
Após interrupção para o resgate do piloto brasileiro, a corrida voltou e com ela os incidentes. Após uma troca de pneus, a roda traseira da Minardi de Michelle Alboreto se desprendeu enquanto ele saia dos boxes, acertando dois mecânicos da Lotus e outros dois da Ferrari, que precisaram ser levados ao hospital.
A prova foi vencida por Michael Schumacher, seguido de Nicola Larini (que substituía Jean Alesi) e Mika Hakkinen. O pódio obviamente não teve o tradicional estouro de champanhe e os pilotos só ficaram sabendo do estado de Senna após a cerimônia.