Parece óbvio, mas nem tanto: muitos sabem que Gabriel Medina já levou duas edições do Campeonato Mundial de surfe. O primeiro título veio em 2014 (inédito para o esporte no Brasil), e o segundo, em 2018. Agora, na etapa disputada na Austrália, parece que o garoto não possui limites e ruma de forma consistente para um tricampeonato.

Dividido em cinco baterias, o circuito de Rottnest Island, situado na costa oeste da Austrália, foi vencido com folga por Medina. Ele chegou a quatro das cinco finais realizadas lá nas praias da Oceania. Em termos de alcançar o lugar mais alto do pódio, foi a segunda vitória.

Além de permanecer como o líder do ranking da WSL, Gabriel Medina solidifica seu nome como um sério candidato a faturar o certame deste ano.

Desbancando os rivais

Mesmo com dois dias de paralisação devido ao mau tempo e às condições adversas do mar, Gabriel Medina eliminou na semifinal o também brasileiro Ítalo Ferreira com uma pontuação digna: 13,70 a 7,17.

Finalista, Gabriel teve que enfrentar o esportista da casa, Morgan Cibilic, e impôs outro placar elástico nas notas finais: 15,50 contra 7,87. Mais um caneco levado para a casa do brasileiro.

Na classificação geral, Medina está em primeiro, com pontuação total de 38.920 –uma distância bem cômoda em relação ao segundo colocado, o próprio Ítalo Ferreira, o qual tem o total de 30.235 pontos.

E entre os cinco primeiros está outro brasileiro, Filipe Toledo, com 22.065 pontos, garantindo o quarto lugar.

A disputa com Ítalo e Morgan foi alcançada com certa facilidade, onde Medina mostrou sua habilidade ao surfar com destreza belas ondas que o consagraram do outro lado do mundo.

“Estou tão feliz. Me diverti muito neste evento.

É meu melhor ano até o momento. É bom poder surfar como eu gosto e me sinto confortável. Estou aproveitando o momento. Sou abençoado de poder surfar boas ondas, poder viajar no tour com minha esposa, ter boas pessoas ao meu redor. Estou grato e quero aproveitar este momento”, disse Gabriel em entrevista.

Terminada a fase da Austrália, os surfistas encararão na segunda metade do mês que vem a etapa de Surf Ranch, nos Estados Unidos.

Está entre os nove maiores

Além de ganhar em Rottnest Island, a importância dessa vitória para Gabriel Medina está nos números: com esse êxito, ele já figura na nona posição dos maiores ganhadores do Circuito Mundial de Surfe.

O brasileiro já coleciona 16 vitórias, empatando com o britânico Martin Potter. Se vencer mais uma etapa, Medina alcançará 17 vitórias e empatará com o australiano Mark Richards, tetracampeão mundial. Quem é o grande recordista de vitórias em todo o WSL? O surfista americano Kelly Slater, conquistando 55 troféus. Tarefa difícil, mas não inatingível.

Quem opina dessa maneira é o companheiro de Gabriel e membro da equipe Rip Curl, o tricampeão mundial Mick Fanning. Em abril passado, o surfista australiano foi perguntado sobre uma ameaça à sua posição no ranking de vencedores.

É que Mick possui 22 vitórias.

Inicialmente, ele deu uma risadinha e acrescentou: “Ele (Gabriel) vai me expulsar da água. Ele venceu dois eventos na segunda metade do ano em sua temporada de estreia no Tour, em 2011. Ele simplesmente veio e explodiu. O talento dele é de outro mundo.”

Para outros profissionais do surfe, a opinião de Fanning tem seu fundamento. Muitos acreditam que é só uma questão de tempo para Medina mostrar a que veio realmente.