Para este que é mais um longo capítulo do livro de problemas sem soluções chamado Brasil, erroneamente acusamos apenas os indivíduos ou sujeitos errados pelo caos provocado diariamente em todas as cidades por motoristas sem educação, sem gentileza e sem empatia pelos próximos, bem como pela total falta de informações aos pedestres sobre a funcionalidade das suas faixas exclusivas para travessias.

Levando-se em consideração o velho ditado que diz "A minha educação depende da sua", com toda certeza veremos que a maioria dos acidentes de trânsito ocorre pela total ignorância, falta de empatia, gentileza e, principalmente, pelo descumprimento das leis por parte da grande maioria dos motoristas infratores que não gostam de ceder passagem para quem pede, que não se colocam, jamais, no lugar dos prejudicados e que não estão nem um pouco preocupados com os problemas alheios.

Aliado a este conjunto de fatores estressantes, se junta a total desinformação da maioria dos pedestres para as normas que regulamentam a utilização correta das faixas exclusivas para as suas travessias. Um grande e perigosíssimo exemplo é a falta do conhecimento de que, para faixas localizadas sob semáforos, a preferência sempre será para os veículos, quando os mesmos estiverem abertos com as luzes verdes e não para pedestres.

Aqui em Manaus, capital do estado do Amazonas, acontecem muitos equívocos dessa natureza, fazendo com que na maioria das vezes, os motoristas redobrem as suas atenções para evitar possíveis atropelamentos. Isto é, as pessoas leigas e desavisadas simplesmente invadem as faixas, estando os sinais abertos para os veículos.

É exatamente em situações como estas que a gentileza e a empatia (virtudes nobres que pelo menos 80% de todos os motoristas não possuem) deveriam surgir para que os pedestres não viessem a se machucar em prováveis acidentes.

Para evitar uma epidemia maior desse tipo de acontecimento, os Detrans de todo o país deveriam utilizar parte das milionárias verbas que arrecadam todos os anos em campanhas educativas sobre o código do trânsito brasileiro para as pessoas que não possuem veículos próprios e, principalmente, para motoristas imprudentes que não têm empatia por ninguém e pensam que mesmo guardando ou estacionando os seus veículos, jamais assumirão a condição de pedestres para correrem os mesmos riscos.

Culturalmente falamos que o trânsito atual está louco e violento em todo o país. Porém, se pararmos para pensar melhor, concluiremos que todos os veículos motorizados ou não, ainda não possuem autonomia para se movimentarem sozinhos sem a presença de motoristas para operá-los, indicando-lhes a direção e a velocidade desejadas.

Por isso, creio sinceramente que não é o trânsito, mas os motoristas, sim (principalmente a grande maioria dos motoqueiros, dos motoristas de táxi e dos motoristas de ônibus), que estão cada vez mais imprudentes, mal educados, arrogantes, ignorantes e egoístas, contribuindo profundamente para as mais altas e constantes taxas diárias de acidentes com ou sem mortes.

É notório que atualmente, em pelo menos 85% das grandes capitais brasileiras, o trânsito está ficando cada vez mais engarrafado com a entrada de milhares de novos veículos em circulação, devido aos péssimos serviços de transportes coletivos oferecidos à população. Por conta disso, a tendência do stress e do nervosismo da grande maioria dos motoristas impacientes e influenciáveis é aumentar consideravelmente, necessitando que o DETRAN, como órgão de maior responsabilidade, comece a empreender campanhas de informações, de paz e de solidariedade para a melhoria do trânsito brasileiro que é considerado atualmente como um dos mais violentos do mundo.