De acordo com o Daily Mail, nesta quinta-feira (6), a Turquia afirmou que gás sarin foi mesmo usado no recente ataque à cidade síria de Khan Sheikhun, onde até o momento pelo menos 86 pessoas morreram por terem sido expostas ao agente químico extremamente letal. Segundo Bekir Bozdag, ministro que ocupa pasta da Justiça turca, o Ministério da Saúde de seu país chegou a esta conclusão após realizar autópsias em três pessoas mortas na investida, cuja autoria está sendo atribuída ao regime de Bashar al-Assad.

Entretanto, o uso do sarin como arma química não é recente, uma vez que este composto já existe desde 1938, quando foi criado acidentalmente por químicos nazistas.

Tudo aconteceu depois que o alto comando do Terceiro Reich, de Adolf Hitler, ordenou a seus cientistas que elaborassem produtos químicos que pudessem ser usados como inseticidas e pesticidas, de modo que a Alemanha não precisasse importar comida durante a guerra.

A responsabilidade pela equipe de produção foi atribuída a Gerhard Schrader, na época com 33 anos. O cientista já havia falhado em criar pesticidas usando flúor, então resolveu fazer um experimento, no qual misturou cianeto com fósforo.

O resultado foi estarrecedor: o novo composto químico matava quase que instantaneamente não só insetos, mas outros tipos de animais como pássaros e macacos. Schrader acreditou que havia falhado novamente, mas foi justamente essa letalidade do gás que chamou a atenção de Hitler.

Uma nova arma

Adolf Hitler rapidamente enxergou o novo gás como uma arma, e ele mesmo batizou o composto ao elaborar um acrônimo usando as iniciais dos sobrenomes dos cientistas que o criaram, em uma espécie de homenagem: S(chrader), A(mbrose), R(udinger), e (van der L)in(de).

Em 1940, a agência de armas do Exército alemão, conhecida como Waffenamt, iniciou a construção de uma instalação secreta para fabricar o gás, e chegou a produzir incríveis 10 toneladas de sarin, o bastante para matar milhões de pessoas.

No entanto, Hitler nunca chegou a usar o agente, temendo uma retaliação com o uso de armas químicas por parte das nações do Ocidente.

Morte agonizante

Como foi dito anteriormente, o efeito do sarin é praticamente instantâneo, podendo em alguns casos levar a óbito em menos de dez segundos – e a morte acontece mesmo que a pessoa que foi exposta ao gás tenha inalado o composto em pequenas quantidades.

Para piorar a situação, este químico extremamente tóxico não possui cheiro nem cor.

Os primeiros efeitos colaterais incluem constrição das pupilas, sensação de aperto no peito e coriza (nariz escorrendo). Conforme o sarin vai agindo no sistema nervoso, em menos de um minuto os pulmões são afetados, e o controle da respiração é perdido, com os pulmões se enchendo de fluído.

Depois, a pessoa que foi exposta perde totalmente a gerência de suas funções vitais, e passa a urinar, vomitar e defecar. No fim, quem é atingido por este gás entra em coma e tem uma morte agonizante, sofrendo com sufocação e espasmos convulsivos.

O sarin é tão letal que a expectativa de vida é de apenas 10 minutos, e indivíduos que sobrevivem ao terem passado por uma exposição mínima – como, por exemplo, somente ter tocado uma pessoa contaminada – podem sofrer dano cerebral permanente. Seus antídotos conhecidos são biperideno, pralidoxima e atropina.