De tempos em tempos, obras de arte centenárias precisam passar por uns "retoques", de modo que sua beleza original seja realçada novamente – uma das pinturas mais famosas do mundo, a "Mona Lisa", já enfrentou o processo repetidas vezes. No entanto, esse trabalho deve ficar a cargo de especialistas extremamente competentes, pois do contrário o resultado final pode ser catastrófico – exatamente como aconteceu recentemente na Espanha, segundo informações divulgadas pela rede hispânica de notícias ABC e pelo Daily Mail.
A "vítima" da restauração em questão é uma estátua representando São Jorge, a qual se encontra em um lugar de destaque no interior da igreja de San Miguel de Estella, localizada na cidade de Navarra. A escultura, que mostra o santo sobre o seu cavalo atacando um dragão, foi criada no início do século XVI (16) e colorida originalmente através do estilo conhecido como "policromo".
Por ter mais de 500 anos, a obra conhecida localmente como San Jorge de Estella já estava bastante deteriorada e precisava urgentemente ser renovada.
No entanto, como citado anteriormente, restaurações desta natureza devem ser feitas apenas por profissionais qualificados, e infelizmente o padre responsável pelo templo religioso pediu que o trabalho fosse conduzido por uma escola local de artesanato chamada Karmacolor Estella. Foi aí que as coisas deram (muito) errado.
Passando de obra de arte a item de "parque de diversões"
Conforme relatou a mídia internacional, um vídeo mostrando uma professora da Karmacolor realizando a restauração chegou a ser veiculado no Facebook da empresa, mas, segundo a rede BBC, a postagem acabou sendo posteriormente deletada.
Na metragem, a artista afirmou que estava tentando manter todas as cores originais da escultura, de modo que ela fosse alterada "o mínimo possível".
Contudo, o policromo de séculos de existência foi lixado, e a estátua recebeu uma camada de gesso sobre a qual ocorreu a aplicação de três porções de tinta nova.
O resultado final acabou causando indignação tanto em líderes comunitários quanto em profissionais que lidam com arte na Espanha. Mikel Zuza, membro do Conselho de Cultura de Navarra – entidade que emitiu um comunicado onde afirmou que não foi consultada sobre a restauração –, classificou a intervenção como "infeliz" e disse que agora São Jorge e seu cavalo se transformaram em uma figura de um "carrossel de parque de diversões".
Zuza ainda acrescentou: "Imagino que ele [São Jorge] gostaria de galopar para fora de sua capela antes de concordar com isso [a restauração]. Que pena ele não conseguiu".
Especialistas agora irão analisar o trabalho desastroso para tentar descobrir se a modificação é reversível, ou se a obra de arte centenária foi danificada para sempre.