A violência policial nos Estados Unidos ganha mais uma vez destaque nos noticiários. Na segunda-feira (25), em Minneapolis, o afro-americano George Floyd foi morto por um policial branco após o funcionário de uma mercearia chamar a Polícia e acusar o homem de tentar pagar as compras usando uma nota falsa de 20 dólares. Ao ser detido, o suspeito --desarmado-- foi jogado ao chão e teve o pescoço pressionado pelos joelhos de um dos policiais. George chegou a ser socorrido, mas já chegou sem vida ao hospital.
George tinha 46 anos, trabalhava como segurança de um restaurante, era casado e era pai de uma menina de 6 anos.
Um dos vídeos divulgados pela CBS no YouTube mostra George sendo retirado à força do carro em que ele estava. Algemado, ele é levado para trás de uma viatura, jogado ao chão e cercado por quatro policiais. Um dos policiais o sufoca com os joelhos até a morte. É possível ouvir George dizendo: "I can't breathe" (Eu não posso respirar).
Protestos nos Estados Unidos
Após o ocorrido, a população tomou as ruas de Minneapolis em protesto. Manifestantes queimaram carros, atearam fogo em pneus e saquearam lojas em diversos pontos da cidade. Tara Brown, prima de George, disse em entrevista ao programa "This Morning", da CBS, que não quer ver um espetáculo sobre o que ocorreu, e sim a prisão dos policiais envolvidos.
O Departamento de Justiça diz tratar o caso com prioridade alta. Promotores e investigadores já foram designados para a investigação.
A onda de protestos já avança pela terceira noite. Além de atear fogo na delegacia de Minneapolis, a população protestou em frente à casa do policial Derek Chauvin, acusado de matar George. Derek foi demitido e, nesta sexta-feira (29), foi detido.
Ele responderá por homicídio culposo e assassinato em terceiro grau.
Com a repercussão da morte causada pelo policial, políticos e famosos expuseram sua indignação nas redes sociais, como fez o deputado federal do PCdoB, Orlando Silva.
George Floyd foi assassinado pela violência policial racista nos EUA e causa uma onda de indignação e protestos. Por aqui, todos os dias choramos e enterramos meninos como João Pedro, exterminados por uma política genocida. É hora de dizer BASTA!https://t.co/W8ZohBsBZP
— Orlando Silva (@orlandosilva) May 29, 2020
Violência policial contra negros nos EUA
Em 1991, o taxista negro Rodney Glen King foi cercado e espancado por um grupo de policiais, em Los Angeles, por dirigir acima da velocidade permitida.
O caso repercutiu internacionalmente e marcou a luta contra a violência policial.
Em Oakland, Califórnia, Oscar Grant, negro de 22 anos, casado e pai de uma menina, foi morto por um policial em uma estação de metrô ao ir comemorar o Ano Novo com amigos. Policiais cercaram o grupo e, de repente, um dos policiais fez um disparo de arma de fogo que atingiu Oscar. Essa história da vida real foi narrada em 2013 no filme “Fruitvale Station”.
Um levantamento feito pelo jornal Washington Post apontou que 1.014 pessoas foram mortas a tiros pela polícia em 2019, nos EUA, sendo os americanos negros as principais vítimas.
A violência praticada pela polícia contra os negros nos Estados Unidos ganha novamente as páginas dos jornais, viraliza na internet e gera revolta popular.