O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

França

Alegação: França "entregou" cidade de Dijon a imigrantes argelinos armados

Fatos: O título de um artigo amplamente divulgado nas redes sociais no último dia 16 de junho dizia: "Horror enquanto a França entrega a cidade de Dijon a imigrantes armados da Argélia".

Verdade: A França não "entregou" Dijon a imigrantes argelinos armados. Na semana passada, confrontos violentos aconteceram em Dijon entre gangues das comunidades tchetchena e de imigrantes do norte da África, mas a França não "entregou" a cidade.

Segundio informações da Reuters, o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, tuitou um dia depois que o artigo foi compartilhado que o estado nunca “recuará diante da violência”. "Não há a possibilidade de a República (o estado) se retirar de um único metro quadrado de nosso país, inclusive diante dessa extrema violência", diz Castaner durante a transmissão de uma sessão de perguntas e respostas. Além disso, a manchete é enganosa porque insinua que toda a cidade de Dijon era controlada por imigrantes armados da Argélia, mas os confrontos só acontecem em um bairro específico, Gresilles.

Ainda segundo a Reuters, Dijon voltou à calma em 17 de junho.

Estados Unidos

Alegação: George Soros paga para transportar manifestantes

Fatos: Uma foto foi amplamente compartilhada nas redes sociais mostrando dois ônibus em um posto de gasolina em Milan, Michigan, ambos com a inscrição "Soros Riot Dance Squad" nas laterais.

Essa foto foi compartilhada como suposta prova do envolvimento de Soro no transporte de grupos de extrema-esquerda para participar dos protestos.

Verdade: A foto foi manipulada. A imagem original mostrava dois ônibus não marcados, como relata o AP Fact Check. As palavras "Soros Riot Dance Squad" foram adicionadas à imagem para enganar os internautas.

Conforme relata a AP Fact Check, os ônibus originais não estão sendo usados ​​para transportar pessoas para protestos, mas para fornecer um serviço de transporte local. Ambos os veículos pertencem a uma empresa de transporte local.

Estados Unidos

Alegação: Nascar forçou pilotos a fazerem oração muçulmana

Fatos: Uma foto que viralizou nas redes sociais, com mais de 140.000 visualizações, mostra motoristas de joelhos e com a cabeça no chão. A legenda da imagem diz: "Então a Nascar proíbe a bandeira confederada, mas força todos os seus pilotos a fazerem oração muçulmana?".

Verdade: A Nascar não forçou os pilotos a fazerem orações muçulmanas. A legenda da imagem era falsa. A imagem original mostra os pilotos no Indianapolis Motor Speedway participando de uma tradição da Nascar chamada “beijar os tijolos”, conforme relata a AP Fact Check. A tradição teve início com o piloto Dale Jarrett, que venceu a corrida Brickyard 400 em 1996, se ajoelhou e beijou a pista. Desde então, pilotos vencedores de várias corridas fizeram o mesmo. Segundo informações da AFP Fact Check, a foto compartilhada nas redes sociais foi na verdade tirada em julho de 2016, durante a corrida Combat Wounded Coalition 400. A associação de automobilismo recebeu críticas após anunciar que proibiria a bandeira confederada –ligada à escravidão– em seus eventos, justificando essa ação pela necessidade de proporcionar um ambiente mais "acolhedor e inclusivo para seus fãs".

Reino Unido

Alegação: Nigel Farage disse que britânico são racistas e deveriam ter vergonha

Fatos: Um vídeo compartilhado no Twitter mostra o líder do partido Brexit, Nigel Farage, dizendo: “somos horríveis, terríveis, atrasados, racistas e deveríamos estar profundamente envergonhados". A legenda do vídeo diz: "Uau, isso não deve ter sido fácil de admitir. Muito bem, @Nigel_Farage ”, indicando que o líder do Brexit estava se referindo ao povo britânico.

Verdade: O vídeo foi editado para tirar de contexto o que Nigel Farage realmente disse. No vídeo original, compartilhado por Farage no Twitter em 18 de junho, o político está se referindo à mídia britânica e sua cobertura. Ele diz: "sempre que ligo a BBC, pode ser o Canal 4, pode ser a Sky, não importa, somos completamente bombardeados por uma narrativa de que, de alguma forma, somos horríveis, terríveis, atrasados, racistas e deveríamos estar profundamente envergonhados (…).

Essa mensagem, essa narrativa está saindo da grande mídia constantemente”.

República Democrática do Congo

Alegação: Nobel da Paz Dénis Mukwege deixou equipe de resposta à COVID-19 devido à pressão para inflar número de casos e mortos

Fatos: Uma mensagem compartilhada no Facebook em 16 de junho afirma que o ginecologista Dénis Mukwege, vencedor do Nobel da Paz em 2018, deixou a equipe de resposta à COVID-19 na República Democrática do Congo após ser pressionado pelas autoridades a inflar os números de casos e mortes pela doença causada pelo novo coronavírus. O post é uma captura de tela de uma suposta conversa de WhatsApp na qual Mukwege diz: "não posso sujar de forma alguma meu Prêmio Nobel da Paz por dinheiro, fomos obrigados a declarar qualquer doença e qualquer morte como coronavírus ".

Verdade: Dénis Mukwege anunciou sua renúncia em 10 de junho, mas não pelas razões acima mencionadas. O Prêmio Nobel declarou que estava deixando a equipe de resposta à COVID-19 na RDC devido à falta de laboratórios de testes para a doença, como relata a BBC. Ainda segundo a rede britânica, Mukwege afirmou ter ficado desapontado com a falta de medidas adequadas de distanciamento social e quarentena, especialmente para as pessoas que retornaram ao país vindas de estados vizinhos. Mukwege agora está de volta ao trabalho no hospital Panzi, em Bukavu.

Brasil

Alegação: Uso prolongado de máscaras faz com que o sangue se torne ácido

Fato: Em um vídeo que circula no Facebook no Brasil, um médico afirma que o uso de máscara por um longo período de tempo pode causar hipercapnia, uma condição gerada pelo excesso de dióxido de carbono na corrente sanguínea, causando a acidez do sangue.

Ainda segundo o autor do vídeo, esse processo cria um ambiente favorável para a sobrevivência do novo coronavírus no organismo.

Verdade: De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, o que o médico disse no vídeo não tem base científica, pois as máscaras faciais têm poros que permitem tranquilamente a troca gasosa. Em uma entrevista para a agência de verificação Aos Fatos, Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), rejeitou o argumento de que o sangue ácido facilitaria a presença do novo coronavírus no corpo: “o vírus se replica no epitélio [superfície externa dos órgãos], não no sangue”. O uso de máscaras faciais é indicado pela OMS por funcionar como uma barreira física para gotículas expelidas durante a fala ou a respiração, reduzindo as chances de infecção.

Peru

Alegação: Termômetros infravermelho podem danificar a retina

Fato: Um vídeo compartilhado mais de 28.000 vezes no Facebook alerta para os supostos riscos aos quais as pessoas são expostas ao terem suas temperaturas medidas por um termômetro infravermelho. "Não permita que eles meçam sua temperatura com uma pistola de termômetro a laser diretamente no seu rosto, porque se o raio laser tocar seus olhos, poderá causar um problema na retina", diz o vídeo.

Verdade: Ao contrário do que o vídeo diz, os termômetros infravermelhos não emitem radiação. Eles são responsáveis ​​apenas por capturar a energia emitida pelo corpo humano. Em entrevista ao jornal peruano La Republica, o especialista em oftalmologia e cirurgia da retina Héctor Palacios diz: “os termômetros são usados ​​para capturar radiação do corpo, não que ele envie um raio laser”.

"Esse ponto vermelho visto nos termômetros infravermelhos é um indicador de onde você está apontando, mas não representa um risco para o olho ou a retina", acrescenta.

EUA

Alegação: Ocasio-Cortez tuitou que comércio deveria permanecer fechado até depois da eleição presidencial nos EUA

Fato: Usuários do Facebook compartilharam a imagem de um suposto tuíte da deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, em que ela diz que os governadores deveriam manter o comércio fechado até depois das eleições presidenciais de 2020 para minar as chances de reeleição do presidente Donald Trump. O tuíte, datado de 20 de maio de 2020, diz: "é vital que os governadores mantenham restrições ao comércio até depois das eleições de novembro, porque a recuperação econômica ajudará Trump a ser reeleito.

O fechamento de algumas empresas ou perda de empregos são um pequeno preço a pagar para se libertar de sua presidência. #KeepUsClosed".

Verdade: De acordo com site Snopes, a imagem do tuíte de Ocasio-Cortez é uma montagem. A mensagem não aparece na linha do tempo da deputada na rede social e também não está registrada em nenhum dos bancos de dados que preservam tuítes excluídos.