França
Alegação: Macron proíbe a entrada na Europa de africanos que não se vacinarem contra a Covid-19
Fatos: Alguns boatos envolvendo o presidente francês, Emmanuel Macron, foram compartilhados milhares de vezes nas redes sociais. A mensagem que circula na internet atribui a Macron a seguinte declaração: "todos os países africanos que não permitirem que sua população use a vacina europeia contra a Covid-19, sua população não viajará mais para a Europa”.
Verdade: Vários meios de comunicação, como Centrafrique, TV5 Monde e Le Monde, provaram que o presidente francês nunca disse isso. Esta alegação é infundada. Além disso, Emmanuel Macron não tem o direito de definir quem é livre ou não de entrar no território europeu, pois esta é uma decisão que deve ser tomada pelo conjunto dos países-membros.
Consequentemente, o presidente francês nunca disse que os africanos que não forem vacinados contra a Covid-19 terão sua entrada recusada na Europa.
@EmmanuelMacron à dit: "Tout pays africain qui ne voudra pas que sa population utilise le vaccin européen contre Covid-19, sa population ne voyagera plus en Europe"
Okay on accepte du moment ou vs sortez vos saletés de mains de l’Afrique ☺️
— 🅂🄰🄼🄰 🅇🄰🄻🄰🄰🅃🌚🇸🇳 (@XalaatSama) June 8, 2020
Nigéria/Itália
Alegação: Ministério da Saúde da Itália declara que médicos do país descobriram que novo coronavírus é uma bactéria
Fatos: Um vídeo compartilhado mais de 1.000 vezes na Nigéria pelo WhatsApp sustenta que o Ministério da Saúde da Itália teria feito a seguinte afirmação: “médicos italianos desobedeceram ordem da OMS para não fazer autópsias nos mortos pelo coronavírus e descobriram que não é um VÍRUS, mas uma BACTERIA que causa a morte”.
Verdade: Uma porta-voz do Ministério da Saúde italiano disse à AFP Fact Check que o vídeo "é uma farsa". Do ponto de vista médico e científico, as principais autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Centro de Controle de Doenças da Nigéria, rejeitaram os boatos de que antibióticos podem ser usados para tratar a Covid-19, pois ela não é causada por bactérias.
"#COVID__19 is a bacteria not a virus."https://t.co/lAukYj6uFc
— Cllr Brian Silvester. #EndLockdownNOW ❌ (@CllrBSilvester) June 10, 2020
Mundo
Alegação: Obama chora durante discurso em memória de George Floyd
Fatos: Um vídeo do ex-presidente dos EUA Barack Obama foi compartilhado nas redes sociais em todo o mundo nesta semana alegando que ele chorou durante um discurso em memória de George Floyd.
A filmagem começa com Barack Obama fazendo uma pausa em seu discurso antes de cair em lágrimas e dizer: “Toda vez que penso nessas crianças, fico com raiva. E, a propósito, isso acontece nas ruas de Chicago todos os dias”. Outra filmagem segue esta com o ex-presidente declarando: “não podemos nos afastar e simplesmente descartar aqueles em protesto pacífico como causadores de problemas ou paranoicos.”
Verdade: O vídeo é uma montagem que mistura dois discursos antigos feitos pelo ex-presidente dos EUA. A primeira filmagem vem de um discurso na Casa Branca em 2016 sobre a violência armada nos EUA e a inauguração de novas medidas de controle de armas, como relata a AFP Fact Check. Durante essa conversa, Obama chorou ao lembrar as 20 crianças mortas no ataque à escola primária de Sandy Hook, em Newtown, Connecticut.
Neste discurso, o ex-presidente dos EUA nunca falou sobre racismo. A segunda filmagem também é tirada de seu contexto, pois vem de um discurso de Obama feito em 12 de julho de 2016, durante um ato em memória dos policiais de Dallas mortos durante protesto contra abusos das forças de segurança contra os negros, como relata a AFP Fact Check. Nesse caso, Obama falou sobre racismo e protestos, mas também pediu reconciliação. Barack Obama nunca chorou publicamente após a morte de George Floyd, mas compartilhou uma declaração sobre o trágico evento no Twitter.
@BarackObama being the moral compass yet again needed in this existential time...showing humility, concern and fragility, something #DonaldTrump will never be able to fake...his kind is not that kind...https://t.co/Qn0xJGQgPt
— Don Beukes #iamdonbeukes (@DonBeukes) June 11, 2020
EUA
Alegação: Pais de Trump foram fotografados vestindo túnicas da Ku Klux Klan
Fatos: Uma fotografia foi compartilhada nas redes sociais mostrando Donald Trump ao lado dos pais, Mary Anne e Fred, ambos vestindo túnicas do grupo supremacista branco Ku Klux Klan, também conhecido como KKK.
Nas postagens, a imagem vinha acompanhada de como "fod*** Donald Trump e seus pais", "não estou surpreso" e "que eles descansem no inferno".
Verdade: A imagem foi manipulada digitalmente. Segundo a Reuters, a foto original está no acervo da Shutterstock com a legenda "Donald Trump com seus pais, Mary e Fred Trump, em 1994". Os pais são vistos na imagem original com roupas normais, a mãe em um top floral e o pai em um terno azul-marinho. Os pais de Trump nunca foram fotografados com roupas da KKK.
Saw this picture of trump and his parents supporting the KKK floating around twitter so heres the real picture that someone photoshopped. pic.twitter.com/oBtfXY92fg
— Mitch Roadruck (@Roady219) October 3, 2016
Brasil/Argentina
Alegação: Governo vai controlar distribuição de alimentos na Argentina
Fato: Passou a circular nas redes sociais nos últimos dias uma imagem que alega que teria sido aprovada na Argentina uma “lei de desapropriação alimentar” que permite ao governo do país controlar a alimentação da população.
“Bolsonaro avisou! Argentinos se fud****. O governo comunista aproveitou a pandemia, deu golpe e implantou lei de desapropriação alimentar. Agora, argentinos só vão comer ração controlada pelo governo presos no cercado. Quem furar a fila ou reclamar vai em cana ou vai morrer. Acorda Brasil. Os comunistas estão na nossa porta”, afirma a imagem.
Verdade: Segundo as agências de checagem Lupa e Aos Fatos, a informação divulgada é falsa. Não existe nenhuma lei implementada que aborde o controle da alimentação dos argentinos por parte do governo. O boato parece ter surgido a partir do envio ao Congresso, no último dia 8, pelo presidente Alberto Fernandéz, de um projeto de lei para estatizar o Grupo Vicentin, uma das maiores empresas agrícolas do país e que passa por um processo de falência.
Nenhum dos 11 artigos do projeto, no entanto, prevê a produção de “ração controlada” pelo governo. O texto também não cita qualquer possibilidade de desapropriação de outras empresas. O governo justifica a ação como necessária para preservar os empregos e proteger os produtores. A medida é amparada pela Lei de Desapropriações, promulgada em 1977, durante a ditadura militar na Argentina.
Brasil
Alegação: Doria fechou contrato com chineses em 2019 para desenvolver vacina contra o coronavírus
Fato: Circulam nas redes sociais mensagens de que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse durante uma coletiva de imprensa que assinou em agosto de 2019 um convênio com uma empresa chinesa para a fabricação de uma vacina contra o coronavírus.
O boato foi impulsionado no Twitter pelo ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro e crítico de Doria.
Verdade: Em coletiva de imprensa na última quinta-feira (11), Doria disse que a parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac “teve início em agosto do ano passado quando da nossa visita à China e a inauguração do escritório comercial de São Paulo em Xangai”. O governador, portanto, não disse que o contrato foi assinado nesta data, mas sim que ela marca a inauguração em Xangai um escritório da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP). A vacina criada pela Sinovac contra a Covid-19 foi aprovada para testes em humanos no último dia 14 de abril.
Já o contrato com o Instituto Butantan para produzir e testar a imunização no Brasil foi assinado em 10 de junho.
Como o Governador @jdoriajr já tinha a informação que precisaríamos de Vacina em 2019?
— Guiga Peixoto (@DepGuigaPeixoto) June 12, 2020
Equador
Alegação: "Novo vírus nipah", mais mortal que a covid-19, aparece na Índia
Fato: Nas redes sociais, várias publicações alertaram para o surgimento de um novo vírus mais mortal que o coronavírus SARS-Cov-2, conhecido como "vírus Nipah (NIV)". Segundo um post que foi compartilhado mais de 2,5 mil vezes, "nas últimas semanas, 18 novos casos de Nipah foram relatados na Índia na área de Kerala (sudoeste do país), que matou 17 pessoas".
Verdade: De acordo com informações fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os 18 casos de contágio pelo vírus Nipah foram registrados em maio de 2018.
Em uma publicação em agosto do mesmo ano, a OMS afirmou que não houve novos casos de contágio devido a esse vírus. "Não foram registrados novos casos ou mortes desde o dia 1° de junho de 2018 e, a partir de 30 de julho, a transmissão de NiV de pessoa para pessoa foi contida no estado de Kerala”, disse a entidade na ocasião. Desde então, não foram mais registrados casos do vírus Nipah na Índia. Segundo a OMS, o vírus Nipah foi detectado pela primeira vez em 1999, na Malásia.