Em meio aos protestos antirracistas que tomaram diversas cidades dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump chegou a ser levado, na sexta-feira, 29, à noite, a um bunker subterrâneo na Casa Branca.

De acordo com o jornal New York Times, os manifestantes em Washington se concentraram em frente a sede do governo estadunidense gritando palavras de ordem contra Trump e, por vezes, jogando garrafas e tijolos em direção ao gramado do prédio. Alguns indivíduos tentaram remover as barreiras de metal instaladas em frente ao local, enquanto guardas jogavam bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

Preocupados com a segurança do presidente, agentes do Serviço Secreto o conduziram ao esconderijo secreto.

Em sua conta no Twitter, Trump elogiou o trabalho do Serviço Secreto e criticou Muriel Bowser, prefeita de Washington, por não permitir o envolvimento da polícia do D.C. (sigla de "District of Columbia", o distrito federal em que a capital se encontra) na contenção dos protestos. Em resposta ao presidente, Bowser disse que estava ao lado dos protestos, em sua maioria pacíficos, em que se exercia o direito à liberdade de expressão e contra o racismo institucional.

O assassinato de George Floyd

O grande estopim que deu início aos protestos foi a morte, na segunda-feira, 25 de maio, de George Floyd, cidadão negro de 46 anos que foi abordado por policiais em Minneapolis após ter sido acusado por um funcionário da rede de supermercados Cup Foods de usar uma nota falsa de 20 dólares para pagar um maço de cigarro.

O funcionário ligou para o serviço de emergência e realizou uma denúncia, alegando que Floyd havia repassado uma nota falsa e se recusado a devolver o maço de cigarro a pedido do vendedor. Quando os policiais chegaram ao local, Floyd estava sentado em um carro com duas outras pessoas.

Um dos oficiais, Thomas Lane, apontou a arma para Floyd e ordenou que levantasse as mãos, puxando-o para longe do veículo.

Foi registrado no relatório do caso que ele havia resistido ativamente a ser algemado, contudo, filmagens divulgadas pela internet sugerem que não houve resistência. Ainda segundo o texto, um confronto físico teve início quando os policiais tentaram colocar Floyd na viatura.

Derek Chauvin, policial de 44 anos, teria puxado Floyd do banco do passageiro, fazendo com que ele caísse no chão.

As imagens divulgadas mostram Chauvin pressionando seu joelho contra o pescoço de Floyd, que repetiu diversas vezes que não conseguia respirar, até desfalecer.

Pessoas que testemunharam o ocorrido, vendo que ele não se movia, pediram que os policiais checassem o pulso. Floyd foi colocado em uma maca e encaminhado ao Centro Médico do Condado de Hennepin, onde foi declarado morto.

Protestos

As imagens de George Floyd agonizando enquanto Chauvin o impedia de respirar foram compartilhadas pela internet, despertando protestos inicialmente em Minneapolis e, posteriormente, espalhando-se por cidades pelos Estados Unidos e no mundo.

Na terça-feira, 26, o chefe de polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, demitiu os quatro policiais envolvidos na morte de Floyd e fez um pedido para que o FBI investigasse o caso.

Na noite de terça, manifestantes foram às ruas e alguns deles picharam carros de polícia, bem como o prédio da delegacia em que os oficiais trabalhavam.

No dia seguinte, protestos foram organizados em outras cidades, incluindo Los Angeles, contra a violência policial e o assassinato de cidadãos negros por oficiais.

Derek Chauvin apenas foi preso na sexta-feira, indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Nas redes sociais, Donald Trump gerou ainda mais tensão entre a população indignada, chamando os manifestantes de "thugs" (expressão pejorativa para se referir a bandidos) e ameaçando acionar a Guarda Nacional contra as demonstrações. Chamando o prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, de "muito fraco" e um "radical de esquerda".

Dias depois, Trump anunciou que declararia os antifascistas (um pequeno segmento dos protestantes que defende o combate ativo contra a opressão) como um movimento terrorista.

Até o domingo, 6 pessoas haviam sido mortas durante as manifestações e, após mais um dia de protestos, as luzes da Casa Branca foram apagadas à noite.