Jorge Castañeda atuou como ministro das Relações Exteriores do México de 2000 e 2003 e atualmente é professor da Universidade de Nova York.

Em entrevista à BBC News Brasil, ele comentou que o Brasil deverá ficar muito isolado depois que o democrata Joe Biden venceu a eleição para presidente nos Estados Unidos.

"O Brasil ficará muito isolado, em termos de mudança climática, com Biden. Muito isolado por não ter sido responsável com a pandemia. Muito isolado em seu autoritarismo, em sua postura contraria a tudo sobre os direitos de gênero, de outras minorias, de LGBT e etc.

O Brasil está indo claramente contra a corrente. Bolsonaro achava que com sua aliança com Trump tinha um companheiro. Tinha. Já não tem mais", disse Castañeda.

Esquerdas

O professor da Universidade de Nova York acredita que as esquerdas da América Latina terão que se modernizar e Joe Biden enfrentará dificuldades em retomar iniciativas do Governo do ex-presidente Barack Obama.

Bolsonaro e Obrador

Na Opinião de Castañeda, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o líder do Executivo do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), apesar de ideologicamente opostos, são muito semelhantes. Segundo ele, ambos odeiam a mídia e também são autoritários, nepotistas e populistas, além de terem ligação com Donald Trump.

Jorge Castañeda foi perguntado sobre qual seria sua expectativa em relação ao posicionamento de Joe Biden em relação à América Latina depois de o democrata ter anunciado nomes da época de Barack Obama para a política externa –o latino nascido em Cuba Alejandro Mayorkas, que cuidará da área de políticas migratórias, e Antony Blinken, secretário de Estado.

Castañeda acredita que apesar de serem pessoas competentes, a dupla não tem muito interesse nos assuntos da América Latina.

Jorge Castañeda continuou sua fala dizendo que o mais importante nesta questão é analisar o que disse o próprio Biden sobre assuntos relacionados à América Latina.

O democrata norte-americano já se pronunciou sobre temas migratórios, que são caros para México, América Central, Caribe e pelo menos para o Equador.

Joe Biden também já falou que irá mudar "as políticas de restrição, racista e punitiva" de Donald Trump, além de ter dito que irá buscar caminhos alternativos para a relação com a Venezuela, sem explicitar que caminhos seriam esses.