O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

EUA

Alegação: Covid-19 surgiu em mercado a 400 metros de laboratório chinês que estuda coronavírus

Fatos: Publicações compartilhadas no Twitter alegam que os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados em um mercado de frutos do mar na cidade chinesa de Wuhan distante apenas 400 metros de um laboratório do Partido Comunista Chinês que estuda coronavírus derivados de morcegos.

Uma das personalidades que compartilhou a alegação foi o senador republicano Ted Cruz, do estado americano do Texas.

Verdade: Ao contrário do que afirmam as publicações, o Instituto de Virologia de Wuhan está localizado a cerca de 27 quilômetros do mercado de frutos do mar onde foram registrados os primeiros casos de Covid-19.

EUA

Alegação: Google Earth censurou imagens do Canal de Suez

Fatos: Em meio ao episódio do navio cargueiro Ever Given, que ficou quase uma semana encalhado no Canal de Suez, sendo liberado na última segunda-feira (29), usuários do Facebook alegam que o Google Earth censurou imagens de trechos do canal.

As publicações compartilharam reproduções que mostram uma clara distinção entre trechos do canal com a água azul-clara e outros com uma tonalidade quase preta.

Verdade: Ao contrário do que as publicações dão a entender, as imagens fornecidas pelo Google Earth não são atualizadas em tempo real. "O mosaico de fotografias aéreas e de satélite que você pode ver no Google Maps e no Google Earth é proveniente de muitos fornecedores diferentes, incluindo agências estaduais, organizações de pesquisa geológica e fornecedores de imagens comerciais", afirma Matt Manolides, especialista em imagens de satélite do Google, em uma postagem no blog da empresa.

Segundo Manolides, "essas imagens são tiradas em datas diferentes e sob diferentes condições de iluminação e clima", o que explica a inconsistência na coloração da água do canal nas imagens compartilhadas.

Brasil

Alegação: 30% das pessoas vacinadas contra Covid-19 morrerão nos próximos três meses

Fatos: Mensagem compartilhada em grupos de WhatsApp alega que 30% das pessoas que tomaram a vacina contra a Covid-19 poderão morrer num prazo de três meses.

As publicações são acompanhadas de um link para uma matéria que atribui a informação à osteopata norte-americana e ativista antivacina Sherri Tempenny. Segundo o texto, os vacinados morrerão devido a uma “tempestade de citocinas” no corpo.

Verdade: Em entrevista à agência Aos Fatos, Rodolfo Bacelar, pneumologista e médico do sono pelo HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), afirma: “Diferentemente da infecção viral, que gera tal tempestade, as vacinas não provocam essa reação. Quem gera a tempestade é o vírus vivo, não qualquer vacina”. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a agência de saúde pública dos EUA, já foram aplicadas mais de 126 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 no país e, até o último dia 22 de março, foram relatadas 2.216 mortes entre os imunizados (0,0018%).

Estudo feito por médicos do CDC e da FDA (agência que regula medicamentos nos Estados Unidos) aponta que não há evidências de que as vacinas tenham contribuído para essas mortes.

Portugal

Alegação: Número de mortes por Covid-19 bate recordes em países que mais vacinaram

Fatos: Perfis no Facebook compartilham publicação de um blog com o título: “Nos países onde mais se vacina, o número de mortes de Covid-19 está em alta”. Segundo o texto, “em Israel, na Grã-Bretanha e nos Emirados Árabes Unidos, países onde se vacinou massivamente, o número de mortes de Covid-19 bate todos os recordes”.

Verdade: Ao contrário do que o texto afirma, Israel, Grã-Bretanha e Emirados Árabes Unidos apresentaram acentuadas quedas no número de mortes devido à Covid-19 após o início da vacinação em massa de suas populações.

Israel, por exemplo, após um pico de 101 mortes no dia 20 de janeiro, registrou 12 mortes no último dia 29 de março. Já o Reino Unido, que chegou a registrar um pico de 1.832 mortes no dia 20 de janeiro, registrou 22 mortes no último dia 29 de março.

Quênia

Alegação: Vídeo de sepulturas vazias na Tailândia é um sinal do arrebatamento

Fatos: Vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook mostra cemitério cheio de lama e com diversos túmulos abertos. As publicações alegam que a cena foi registrada na Tailândia e que seria uma evidência do que os cristãos chamam de arrebatamento, evento bíblico que marcará a segunda vinda de Jesus Cristo.

Verdade: Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo foi gravado em junho de 2019, no vilarejo de Shurkurgan, no Tajiquistão.

Reportagem da época atribuída à Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) relata que os túmulos desabaram após o cemitério ser inundado pelas águas de um rio que transbordou na periferia da aldeia.

Turquia

Alegação: França vai proibir abate halal de frango

Fatos: Usuários do Twitter compartilharam uma publicação da rede turca TRT que afirma que o governo francês irá proibir o abate de frangos pelo método halal, que segue os preceitos da religião islâmica.

Verdade: A publicação da TRT ocorre após as Grandes Mesquitas de Paris, Lyon e Evry terem afirmado em um comunicado de imprensa no último dia 18 de março que “a partir de julho de 2021, o abate Halal de aves na França não será mais autorizado”.

A afirmação, no entanto, é uma interpretação equivocada de uma nota publicada pelo Ministério da Agricultura francês em 23 de novembro de 2020. Em entrevista à AFP, Kamel Kabtane, presidente da mesquita de Lyon, disse: “A diretiva, conforme está escrita, não proíbe [o abate halal], mas reduzirá muito a quantidade de aves produzidas”. A proibição do abate pelo método halal também foi negada por Marion Giroud, porta-voz do Ministério da Agricultura francês.